Reportagem Gojira no Porto
Pela terceira vez no nosso país, os gigantes de França, Gojira, estreiam-se finalmente no Porto. Num Hard Club que viu uma grande enchente de gente pronta para expurgar a alma ao som pujante dos franceses. Esgotando assim a sala principal.
Os bem conhecidos Portuenses, Equaleft ficaram a cargo de ser a banda de abertura. Com uma energia contagiante conseguiram exaltar os ânimos dos presentes, que já ocupavam grande parte da sala. Fizeram vibrar a plateia com o seu som ritmado, criando um ambiente de diversão e união do público que partiu para uma mosh intensa e espontânea, que durou grande parte da atuação. Focando-se no seu álbum de estreia “Adapt & Survive”, deram um verdadeiro soco no estômago, tocando temas como “Maniac” e “Invigorate”. Com grande prestação vocal do Miguel “Inglês” que não parou de puxar pelos fãs, com uma energia contagiante. Deram o seu tudo e isso ficou à vista depois desta atuação sólida.
Depois deste grande aquecimento, o melhor estaria para vir com os Gojira que entraram de uma forma impressionante, atirando-nos numa espiral de clássicos como “Toxic Garbage Island”, a melódica “L'Enfant sauvage” que pôs em êxtase o público, seguindo com a grande “The Heaviest Matter of the Universe” projectando-se em nos como se de um trovão tratasse. Ainda nesta linha de pensamento arrebatadora, a banda não parecia querer abrandar e houve tempo para apresentar os já bem conhecidos temas “Silvera” e “Stranded” do novo álbum “Magma”. Ambas com um andamento claramente menos explosivo, mas que conseguiram manter bem a energia volátil no ar.
A dupla Joe e Mario Duplantier não ia dando tréguas com a sua excelente dinâmica e boa disposição, brindando nos assim com um dos temas da noite, a acarinhada e “Flying Whales” que teve uma imediata aprovação por parte de todos os presentes. Proporcionando uma viagem sonora arrebatadora, que ia oscilando entre uma serenidade tangível, fazendo-se explodir e rasgando-se, no entanto, num tema furioso com um som inconfundível do grupo francês.
Ainda deu tempo de recuar para o segundo álbum “The Link” com a pesadíssima “Wisdom Comes”, que meteu sorrisos de orelha a orelha pela plateia fora, tal era a intensidade e o seu carácter explosivo. O quarteto não parecia querer demonstrar a fadiga ao cuspir-nos com as monolíticas “Oroborus” e “Vacuity”, intercaladas com o solo do irmão Duplantier mais novo, que demonstrou as suas habilidades atras da bateria.
A medida que o tempo ia passando, demasiado calor e fumo faziam-se sentir na sala, especialmente mais perto do palco e a falta de ar ia apertando, fazendo com que os próprios músicos apontassem isso como incômodo. Seria muito provavelmente a causa principal do curto encore que deixou o último tema “Explosia” fora do alinhamento. Soube a pouco a recente “The Shooting Star” como desfecho da noite e desta viagem, não preenchendo propriamente o vácuo, que pedia uma última erupção de energia. Foi no entanto o carimbo que selou uma noite suada e de catarse, quer queiramos quer não. E pelo aspecto de satisfação dos fãs que iam deixando a sala, ficou claro que a sauna fez efeito.
Gojira voltaram a provar que são uma entidade incansável, com um som muito próprio, sombrio e poderoso. Aliado as já sabidas letras de cariz ecológico e no seu todo espiritual, entende-se o porquê de arrecadarem tantos seguidores pelo mundo fora.
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Organização:Prime Artists
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segunda-feira, 25 novembro 2024