Reportagem Gotan Project @ Campo Pequeno
Review Gotan Project - Campo Pequeno - Fotos
Passaram dois anos desde que os Gotan Project brindaram o público português com um dos seus concertos asfixiantes. Cheios de tango, como é o seu dote, regressaram no passado dia 20 de Dezembro a Lisboa, para um concerto exclusivo da banda enraizada em Paris e com cheirinho a Argentina.
Com uma praça de touros ao rubro, deu-se início ao grande espectáculo com “Queremos Paz”, suportado por uma tela que cobria todo o palco e ia projectando os videoclips produzidos pela banda. Projecções se sucederam durante a primeira parte do concerto, com “Vuelvo al Sur/El Capitalismo” e “Una Musica Brutal”.
A acompanhar o Campo Pequeno que dava o seu melhor no tango electrónico que ali lhes era entregue, um par de dançarinos rodopia pelo palco ao som de “La Del Ruso” até ao cair do pano. Os músicos apresentam-se agora de branco, depois de todo o cenário escuro e das sombras, e ouvem-se acordes de “Santa Maria”.
Oficializa-se a segunda parte do concerto com “Diferente” e a voz de Veronika Silva ouve-se pela praça durante a passagem por Lunatico com “La Viguela”, “Amor Porteno”, “Notas”, Lunatico”, Mi Confession” e Canaro in Paris”. Nini Flores domava o seu bandoneón como se esperava que acontecesse. Todo o concerto estava dentro das expectativas, o público aplaudia freneticamente, explodindo em “Santa Maria (del Buen Ayre)”, uma das mais conceituadas e conhecidas músicas da banda. Aqui os violinos fizeram-se sentir, rápidos e objectivos, a voz (a substituir a de Cristina Vilallonga), de presença discreta conquistava o público a cada palavra.
Do último álbum, ouve-se “El Norte” antes do encore. Os dois DJs Philippe e Christoph pareciam plenamente satisfeitos com o resultado do concerto. O encore fez-se com “Criminal” e “Triptico”, dos álbuns de 2006 e do incomparável La Revancha del Tango de 2001.
A noite já ia longa enquanto os últimos electrões de Triptico se faziam sentir, mas não se ficavam por ali. Para um final em grande, e como se tratava de uma espécie de despedida, ouvimos “Sola” e mais uma vez “Diferente”, agora com uns retalhos de “Libertango”. A casa cheia foi-se esvaziando com alguma saudade, dos três Christoph Müller, Philippe Cohen Solal e o excelso guitarrista Eduardo Makaroff, o trio que convenceu o mundo que tango não é só um olhar provocativo.
Raquel Silva