Reportagem Gotan Project - Lisboa
Sexta-Feira, 7 de Maio de 2010, Lisboa abriu as portas de uma das casas mais estimadas, o Coliseu dos Recreios, para receber os ilustres Gotan Project.
O trio com base em Paris, mas com resquícios de uma inebriante Buenos Aires, entrou em palco apenas com um sentido: dar aos lisboetas uma noite repleta de sensualismo. Precursores na fusão entre o tradicional/folclórico, e o espectro electrónico, criam o conceito de um tango sem uma estética assumida, absorvendo influências de uma world music cada vez mais vasta. Porém não é neste prisma, reconhecendo as suas influências, que os músicos entram em palco para encadear o público com Cuesta Abajo obra composta pelo famoso cantor de tango argentino Carlos Gardel.
Num instrumental rico em texturas, e um piano a fazer-se soar por toda a sala, é impossível não nos deslocarmos mentalmente para uma qualquer rua poeirenta de Buenos Aires. Em Epoca, do álbum "La Revencha del Tango" os DJs assumem as suas posições nas turntables e agarram-se com unhas e dentes aos seus samples pujantes. Seguem-se Divan, Tango Square, Rayuela, esta última teve direito a uma homenagem ao escritor de origem argentina Júlio Cortázar, representando o título da obra do mesmo.
É já com Una Musica Brutal que ocorre a primeira ovação da noite, reiterando o que já se adivinhava, o público tinha sido seduzido. A componente visual teve um grande peso na performance dos Gotan Project, colmatando o que poderia ser uma crítica, o fosso existente entre músicos e público. No entanto, este suporte viria a tornar-se no elo de ligação, sendo algumas vezes fonte de reacções mais acesas.
Veio La Gloria, título do primeiro single extraído do mais recente álbum "Tango 3.0" e ainda Diferente do álbum "Lunático", música com um acordeão animado e um ritmo dançável. Com Panamericana, pensou-se que o concerto teria chegado ao fim, e o resultado foi uma chuva de aplausos, recompensados logo em seguida com o regresso de Philippe Cohen Solal. Este, descontraidamente trocou a ordem das letras que estavam projectadas em 5 bombos (inicialmente formavam a palavra Tango) para formar a palavra Gotan. Vieram Mil Millones/Queremos Paz, Desillusion, Peligro e por fim a tão esperada Santa Maria, um dos “big hits” da banda, inclusivamente parte integrante da banda Sonora do filme “Shall We Dance?”.
Num segundo encore, despediram-se com “Immigrante”, com 21 músicas findas, o verdadeiro fã teria achado o concerto perfeito.