Reportagem Greenleaf no Porto
Astrodome
A Cave 45 recebeu uma noite de concertos em cheio no passado sábado e a culpa foi de um cartaz repleto de stoner do bom e dedicada a reviver o que foi o verão em Moledo, os suecos Greenleaf e as nossas promessas, Big Red Panda e Astrodome, voltaram a encontrar-se e novamente voltaram a fazer das suas, numa espécie de SonicBlast modo inverno.
Os Big Red Panda foram os primeiros a subir ao palco numa sala já bem carregada de devotos pelo som trepidante, carregado e explosivo do stoner. Nota-se, que já começam a deixar de lado a etiqueta de “aposta” e começam a tornar-se um caso sério. Falta ainda alguma maturação para conseguirem incendiar e dar uma coça ao nível dos Astrodome, mas não há mínima dúvida que vão lá chegar. Há muita margem de progressão nestes rapazes. As teclas são claramente o ás de espadas do grupo e é com elas que eles atingem um outro nível, conseguindo diversificar-se dos restantes parceiros das trips sonoras nacionais. Acabamos a sentir que o concerto até acabou por ser curto e que queríamos mais, contudo era altura de subirem os Astrodome e darem uma tareia daquelas. Equilibrados nas guitarras, duros numa bateria que foi completamente massacrada por um baterista em modo selvagem. Tudo tão bem estruturado, com composições tão bem delineadas, tão crescentes, tão "in your face". Um festim de distorção, tocado com uma postura já de homens grandes, quando apenas ainda tem um álbum. Provaram que são das bandas mais excitantes da cena psicadélica nacional e uma banda a ter em atenção para os próximos tempos. Não é de admirar ver no público tantas pessoas a balançar os corpos e a deixarem-se estar de olhos fechados.
Curiosamente a reacção ao concerto dos Greenleaf foi diferente, mas não no mau sentido. Os olhos deixaram de estar fechados e passamos a ter saltos, braços em riste, alguns gritos, alguma cerveja a voar, um público completamente em delírio até ao fundo da sala, quer quando Arvid Jonsson, o actual vocalista da banda, tivesse em cima do palco ou no meio da plateia. Apesar da banda ser maioritariamente um projecto do guitarrista Tomi Hollapa, o vocalista conseguiu transformar e trazer-lhe uma nova vida. Já o sentimos no álbum, aquele que é muito possivelmente o melhor álbum do grupo. Mas dá também para sentir ao vivo. A sua irreverência, a forma como puxa e cativa o público, sempre a andar de um lado para o outro e a gesticular. A nível vocal, nenhuma falha a apontar, o senhor tem uma voz excelente. Assim como ao restante da banda, eles sabem tocar, sabem mergulhar o público nas suas ondas densas e pesadas.
Os riffs são excelentes! Uma das melhores bandas de stoner na actualidade a esse nível, mesmo até sem precisar de uma grande armação de pedais. Faz-se tudo com alma, garra e saber. Os Greenleaf estão no seu melhor momento da carreira (talvez até os Dozer já sejam hoje em dia uma banda secundária) e isso sente-se, e muito, em palco. Um concerto poderoso, energético, super animado, extremamente bem tocado e com a adrenalina sempre em cima. Na memória fica a exaltação pelo público em cada faixa, principalmente em temas como “Ocean Deap”, “Vat 69” ou, na mais recente, “A Million Fireflyes”, a primeira amostra do novo trabalho que saí no final de Fevereiro.
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Organização:Garboyl Lives
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quinta-feira, 21 novembro 2024