Reportagem Guns N' Roses em Oeiras
Mark Lanegan
No mês de junho do longínquo ano de 1993, os Guns N’ Roses vieram a Portugal pela primeira vez, tendo atuado no Estádio de Alvalade, numa das datas da tour de apresentação dos famosos Use Your Illusion I e II. Entretanto a banda passou por cá em mais duas ocasiões, no Rock in Rio, no ano de 2006, e no Pavilhão Atlântico (agora MEO Arena), em 2010. Agora, na quarta passagem pela capital portuguesa, Axl Rose trouxe consigo dois membros da formação clássica, Slash e Duff McKagan. A reunião de Axl com Slash era expectável que nunca viesse a acontecer mas sucedeu para felicidade dos fãs que esgotaram os espetáculos da "Not in This Lifetime tour". Assim foi também nesta data em Portugal, com os seguidores da mítica banda de hard rock a encherem o recinto no espetáculo no Passeio Marítimo de Algés.
Enquanto aguardava com grande expectativa pelo concerto de Guns N’ Roses, o público, que já se encontrava no recinto em grande número, teve de assistir à atuação dos Tyler Bryant & The Shakedown e de Mark Lanegan com a banda que o acompanha. Os primeiros já tinham participado na abertura do concerto dos AC/DC, há um ano atrás, no mesmo local, e tal como em 2016 voltaram a agradar e entreter os expectadores com o seu rock n' roll.
Já os segundos, Mark Lanegan e companhia, foram competentíssimos na sua atuação mas o público mostrou alguma apatia perante o que estava a acontecer, tendo ficado demonstrado que a banda do conhecido músico de Seattle está mais talhada para concertos mais intimistas, em salas mais pequenas.
Uns Guns N’ Roses mais bem comportados, sem os atrasos de outrora, apresentaram-se em palco às 21:00, tendo arrancado para quase três horas de concerto, em que apresentaram quase todos os seus maiores clássicos, retirados do incontornável "Appetite for Destruction" dos marcantes "Use Your Illusions". Pouco tempo foi dedicado a temas de "Chinese Democracy", apenas três, a contrastar com a penúltima passagem dos Guns por Lisboa, quando tocaram várias músicas do álbum mais caro, mas nem por isso mais bem-sucedido, da história do rock. Desse álbum resultaram melhor ao vivo o tema-título e "Better", do que propriamente a balada algo aborrecida "This I Love". No capítulo das baladas mais valia terem deixado esta de fora e terem incluído a "Don't Cry", que infelizmente para muitos a banda deixou de fora deste concerto. Um pequeno pormenor que não coloca de modo algum em causa o alinhamento de luxo apresentado pelo grupo de Los Angeles.
"It's So Easy" e "Mr. Brownstone" como é habitual iniciaram em grande o espetáculo, que contou com os momentos altos "Welcome to the Jungle", "Live and Let Die", "You Could Be Mine", "Civil War", "Sweet Child O' Mine", "November Rain", "Knockin' on Heaven's Door" e "Nightrain" vários temas que colocaram o público a cantar e a mexer-se. Destacou-se também a homenagem ao falecido Chris Cornell com uma excelente "Black Hole Sun", bem como a cover de "Wish You Were Here" dos Pink Floyd que sabe sempre bem ouvir. Como já foi referido acima não houve "Don't Cry" mas os fãs não choraram pois para o final estava guardada outra enorme balada, "Patience", a única música retirada de "G N’ R Lies".
Os Guns N’ Roses fizeram todos os expectadores que viram AC/DC, no ano passado, sentirem uma espécie de Déjà vu, ao tocarem o clássico "Whole Lotta Rosie". Já em 2016, como é sabido, tinha sido Axl Rose a cantar (e bem) este e todos os outros temas da lendária banda australiana, no Passeio Marítimo de Algés. Os fãs da banda que atualmente é formada por Axl Rose, Slash, Duff McKagan, o guitarrista Richard Fortus, o baterista Frank Ferrer e os teclistas Dizzy Reed e Melissa Reese não arredaram pé sem antes assistirem à performance do clássico que obrigatoriamente encerra de forma memorável os espetáculos, falamos obviamente de "Paradise City".
É certo que Axl Rose mudou mais vezes de roupa, durante o concerto, do que interagiu com Slash, mas nada disso é importante face ao desfilar de clássicos a que os seguidores da banda norte-americana teve oportunidade de assistir. A banda tocou da melhor forma os temas com Slash a brilhar nos solos, Axl falhou pouco e concentrou-se no seu instrumento, a voz, tendo interagido muito pouco com o público e, no final de contas, o balanço foi amplamente positivo para os fãs banda, que puderam assistir à tour de reunião da formação clássica, que não ficou completa devido às ausências de Izzy Stradlin e Steven Adler. Resta aguardarmos para verificarmos se este lineup dos Guns N’ Roses está para durar e se haverão mais digressões e, quem sabe, um novo álbum.
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Organização:Everything is New
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sexta-feira, 22 novembro 2024