Reportagem Hadouken!
Menos de um ano após a sua estreia em Portugal no festival Alive!, a banda grimie Hadouken! voltou para actuar num dos concertos da Optimus Secret Shows, na discoteca Gossip. Alice (teclista da banda), em entrevista após o Meet and Greet com fãs, revela ser difícil ter uma ideia do número de fãs antes de actuar pela primeira vez num país novo. A reacção do público – composto tanto por admiradores como por meros curiosos, devido ao facto de ter sido num festival – dissipou qualquer dúvida, demonstrando com entusiasmo a sua admiração e tornou um concerto de palco secundário num evento praticamente digno de cabeça de cartaz. Quem não conhecia a banda na altura, em pouco tempo ficou rendido.
Para o dia 10 de Abril, a promessa de um grande espectáculo estava feita, tanto pela banda como pelos fãs.
Os Macacos do Chinês abriram o concerto, com um repertório cheio de patriotismo, que incluía músicas como Pessoa e Saudade, cujas letras denotavam a afeição da banda ao país que é seu. Contudo, era Hadouken! quem o público queria e tal facto fez-se notar, apesar das últimas faixas terem provocado mais adesão que as iniciais.
Por fim, pouco passava da meia-noite quando os britânicos entraram em palco. Rebirth inaugurou o que seria uma hora de concerto, cuja energia valeu por muito mais que isso. Get Smashed Gate Crash, do álbum de estreia "Music For An Accelerated Culture", agitou ainda mais uma multidão já possuída pela euforia patente nas músicas da banda. As batidas da bateria, os sintetizadores e a guitarra ditavam o ritmo a que a audiência se movia e unia em prol de uma noite de excessos.
Controversas e provocantes, as letras das faixas da banda retratam a loucura que é ser-se novo, adolescente, querer nada mais que divertir-se e viver em torno disso. E era para isso que o público lá estava (alguns desde as 11h): diversão e loucura, uma hora roubada na noite num local onde não entraram responsabilidade ou controlo.
James, no entanto, parecia estar ainda meio adormecido da longa viagem de 36 horas feita no dia anterior, do Japão. O ambiente na sala ia evoluindo, a energia era contagiante, a música exigia que os corpos se mexessem, dançassem, perdessem a cabeça. M.A.D., o primeiro single do novo albúm "For The Masses" ajudou a isso mesmo. Durante outra faixa do primeiro albúm, Declaration Of War, o vocalista gesticulou um coração para deleite da audiência.
Mic Check marcou o início de outra fase no concerto: o mais recente single, carregado de potência, provocou ainda mais tumulto pela discoteca apinhada, permitindo o público demonstrar a excitação e euforia que o dominava desde a notícia do regresso da banda a Portugal.
Antes de Liquid Lives, o já mais solto e envolvido James pediu que se fizesse um wall of death. O pequeno espaço reorganizou-se e os ânimos foram levados ao rubro, antes de um bis durante a That Boy That Girl que se lhe seguiu. Com direito a uma cover da Song 2 dos Blur, o público revelou-se incansável e pronto para mais. O ambiente era de cumplicidade entre os membros da multidão, assim como entre esta e a banda.
Turn The Lights Out foi apresentada como sendo a melhor música do albúm pelo vocalista, antes da poderosa Bombshock, que antecedeu Lost, brilhantemente escolhida para finalizar a actuação. Sem encore, a banda despediu-se de um público exausto e ansioso por um regresso em breve.
"For The Masses" é o título perfeito: um albúm para a multidão, para os fãs, para concertos vigorosos que deixam no ar vontade de repetir a dose. Uma vez mais, os Hadouken! demonstraram ser uma banda que merece o estrelato pelo qual vai escalando a cada dia que passa.