Reportagem Imogen Heap em Lisboa
Imogen Heap é uma cantora e compositora britânica, multi-instrumentista, produtora e engenheira de som. Adepta de gadgets, os seus espectáculos estão revestidos de uma atmosfera onde o orgânico dos instrumentos se funde com a tecnologia dos computadores, numa espécie de estética tech feminina e onírica. Com mais de 20 anos de carreira, Imogen conta já com dois Grammy Awards, nas categorias de produção e engenharia, bem como, várias nomeações e outros prémios. Recentemente compôs a música para uma peça de teatro baseada nos livros do Harry Potter pela qual lhe foi atribuido um Drama Desk Award.
Desde 2010 que não marcava presença nos palcos portugueses. Imogen Heap regressou a Lisboa passados 8 anos para participar na Web Summit e fazer uma actuação no âmbito da “Mycelia World Tour” com Guy Sigsworth, companheiro de longa data, com quem forma o duo britânico de música electrónica“Frou Frou”.
Uma panóplia de instrumentos musicais, vozes, computadores e sintetizadores estabelecem a fusão entre a música electrónica, o pop e o rock, que caracteriza o trabalho da artista. As suas letras são emotivas e baseadas em experiências pessoais. A voz é doce. A estética é biónica e feminina.
O Capitólio no Parque Mayer foi o recinto escolhido para o espectáculo. Apesar de não estar casa cheia foram algumas dezenas, as pessoas que se deslocaram ao Capitólio para ver o concerto. Um público variado, recheado de estrangeiros e nacionais, alguns ilustres como o pianista Mario Laginha, constituiam a plateia.
Imogen conferiu uma atmosfera intimista e envolvente ao espectáculo ao partilhar várias vivências pessoais na apresentação das músicas. A ocorrência de uma ou outra gafe com o equipamento, exigiu o reínicio de alguns temas, tendo sido estas situações ultrapassadas com sentido de humor e doçura. Tudo isto permitiu que o espectáculo fosse tão acolhedor como se num serão de amigos estivéssemos.
Imogen falou da carreira, do seu projecto de plataforma de distribuição musical “Mycelia”e utilizou as luvas com sensores (Mi.Mu Gloves). Este novo gadget, desenvolvido em parceria com Thomas Michael da West England University, permite uma espécie de mixing e/ou sampling no concerto ao vivo, usando apenas os movimentos das mãos.
Enquanto cantava, Imogen adicionava os efeitos, como sejam, loops, batidas, coros, delays e reverbs, aos temas, recorrendo apenas à coreografia das suas mãos com as luvas. Tudo parecia acontecer no imediato, por intuição,“on the spur of the moment” é a expressão em inglês que me vem à cabeça para descrever a performance, uma dança que gera música.
Imogen cantava e dançava com as luvas, criando simultânemanente música com a dança e dança com a música.
Imogen partilhou ainda que viaja sempre com pouca bagagem pessoal, uma vez que tem que transportar todo o equipamento. Assim costuma seleccionar um(a) designer do local onde vai actuar, para fazer a roupa que usa em cada concerto. Lisboa não foi excepção com Imogen a usar roupa desenhada por Alexandra Moura. O alinhamento foi composto por temas do projecto Frou Frou e de albúns a solo, com espaço ainda para músicas de Guy Sigsworth.
Referência para os temas “Tiny Human” que Imogen escreveu sobre a sua filha, “Hyde And Seek” e “Good To Be In Love” que foram celebrados pelo público.
O concerto serviu também para promover o novo álbum de Guy Sigsworth, “Nocturne”, lançado recentemente. Imogen Heap cedeu, algumas vezes, o palco a Guy para ele nos dar a conhecer algumas das bonitas músicas do seu novo álbum.
Bom cenário, bons adereços e roupa bonita contribuiram para a estética e atmosfera referida. Foi um bom espectáculo, intimista e envolvente.
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segunda-feira, 26 novembro 2018