Reportagem Insomnium + Tribulation no Porto
Foi com um entusiasmo crescente que o público português recebeu de volta os suecos Tribulation e os finlandeses Insomnium. Numa segunda-feira chuvosa, a vontade de ficar em casa era aliciante. No entanto não desmotivou a enchente jeitosa que se viu no Hard Club. Para precisamente experienciar dois grupos bastante distintos, no entanto igualmente interessantes.
Tribulation tem vindo a afirmar-se como um dos projetos mais curiosos dos últimos anos da cena musical na suécia. Álbum após álbum conseguiram demonstrar uma mutação e evolução constante. Desde as raízes de death metal até influências do gótico dos anos 80, como é o caso do registo “Children of the Night” que mereceu aplauso pela crítica e dos fãs. Viriam agora apresentar o mais recente “Down Below”. Ao pisar o palco com a teatralidade e qualidade cénica que já lhes é costume, encarando personagens e expressividades distintas, não demoraram muito em cativar o público. Sempre carismáticos e com muita entrega e energia Jonathan Hultén e Adam Zaars transportaram a plateia ao seu imaginário sombrio e elegante. Com uma facilidade natural soavam as clássicas Melancholia e In The Dreams Of The Dead. E quando demos por ela já estávamos no final da actuação que guardava o ponto alto do concerto, a fantástica Strange Gateways Beckon que deixou toda a gente presente rendida a magia negra que ecoava dos amplificadores.
Já os Insomnium, grupo oriundo do país dos “mil lagos” traziam ainda na bagagem o seu álbum conceptual “Winter’s Gate”. Que foi prontamente apresentado na íntegra, ao longo de sensivelmente quarenta minutos. Criando assim um ambiente lúgubre. As melodias soturnas faziam acentuar os guturais poderosos do Niilo Sevänen enquanto as guitarras rugiam lado a lado. Rasgando a meio passagens mais etéreas. Mergulharam os presentes numa espécie de transe que só viria a ser interrompido depois das luzes acenderem já no encore. Que contou com maior interação por parte da banda e do público. Apostando maioritariamente no álbum anterior "Shadows of the Dying Sun", o grupo parecia estar a demonstrar algum cansaço visível que no entanto não desmotivou um dos momentos mais energéticos com um dos hinos mais conhecidos dos finlandeses; a monstruosa faixa Mortal Share. Ao fechar a noite os Insomnium só pecaram por não incluir mais material antigo, que certamente poderia mexer mais na dinâmica dos seus concertos. Mas devaneios à parte, o grupo mantém-se como o expoente do death metal melódico moderno.
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quinta-feira, 19 abril 2018