Reportagem Jameson Urban Routes - No Age
Foi na passada sexta-feira, 25 de Outubro, que numa pequena sala lisboeta ecoou um rock poderoso e enérgico. O acolhedor Musicbox foi, mais uma vez, palco do Jameson Urban Routes, numa noite em que o rock era rei e senhor com os portugueses Riding Pânico e os (regressados) If Lucy Fell, e com o duo norte-americano No Age.
Passavam apenas alguns minutos depois da hora prevista para que os primeiros a subir ao palco, os Riding Pânico, tomassem conta da cena. E que concerto estes rapazes deram!
Constituídos por Makoto Yagyu (baixo), João Nogueira (guitarra), Fábio Jevelim (guitarra), Jorge Manso (guitarra), João “Shela” Pereira (teclados) e Carlos BB (bateria), os Riding Pânico apresentaram-se ao público como uma verdadeira máquina de pós-rock instrumental.
Melódicos, imediatos e directos, os portugueses continuam a promover o seu disco Homem Elefante, em que temas como “Dance Hall”, “Código morte” ou “Monge Mau” se apresentam como peças fulminantes de um puzzle capaz de nos deixar sem fôlego.
“Podem sacar o nosso disco de borla na Internet”, disse a certa altura Makoto. E, se não o fizeram, recomendamos: não percam mais tempo.
Se os Riding Pânico iniciaram a noite com uma performance excelente, o que dizer dos regressados If Lucy Fell? Um verdadeiro festival de visceralidade.
João “Shela” Pereira e Makoto Yagyu regressaram ao palco, fazendo-se acompanhar de Rui Carvalho (hoje conhecido como Filho da Mãe), Pedro “Gaza” Cobrado e o feroz Hélio Morais.
Desde logo fizeram explodir as almas dos presentes. Makoto, agora em pose de vocalista, tem o diabo encarnado no corpo e dá tudo de si num desempenho vocal impressionante. Hoje em dia habituado ao papel de baixista, não é preciso muito para perceber que é ao microfone que se sente mais confortável e onde encontra a sua verdadeira pele.
Já Rui Carvalho impressiona pela forma como despeja um rock demolidor através da sua guitarra elétrica. Os If Lucy Fell, que não tocavam juntos desde a edição de 2011 do Milhões de Festa, reuniram-se a convite de Pedro Azevedo do Musicbox e, do início ao fim, deixaram o público em delírio.
Não, não ouvimos nenhuma malha nova, mas sabe bem voltar a escutar pequenas pérolas como “Marie Antoinette”, “Circus Parade” ou “As Simple As Givng A Name To This Song”. Os moches foram constantes, os crowdsurfings também (até Cláudia Guerreiro dos Linda Martini se aventurou) e o público não arredava pé. Durante o concerto, os elementos da banda multiplicaram-se em elogios a quem tornou este “reunion show” possível. Quem sabe não os voltamos a ver brevemente…. Arriscamo-nos a dizer que foi o concerto da noite.
Chegava a altura da (mais esperada?) banda da noite. Os No Age, com um atraso de cerca de 50 minutos em relação à hora prevista, foram encontrar um Musicbox com menos público, mas que, ainda assim, não deixou de assistir à destruição sonora provocada pelo duo norte-americano. Com o seu experimentalismo pop, os No Age, constituídos apenas por Dean Allen Spunt na bateria e voz e Randy Randall na guitarra, instalaram o caos do seu repertório num concerto muito tenso e ruidoso que catalisou em temas como “I Won´t Be Your Generator”, do mais recente An Object lançado este ano, “Teen Creeps” do saudoso Nouns ou “Every Artist Needs a Tragedy”, do álbum de compilações Weirdo Rippers.
Claro, não podiam faltar aqueles que são considerados os maiores hinos dos No age: “Everybody’s Down” e “Fever dreaming”, deixando uma porrada sonora bem patente nos ouvidos. Podem não ter tocado para a mesma quantidade de gente que os viu no Warm-Up Vodafone Paredes de Coura, mas os americanos não se fizeram rogados e não desiludiram os que não arredaram pé. Que não demorem a regressar.
-
sábado, 20 dezembro 2014