Reportagem Joan Baez
Joan Baez, 69 anos, cantautora, interprete, activista ligada a causas como não-violência, direitos humanos, direitos civis e ambiente, referência do Folk norte-americano, com 50 anos de carreira e mais de 30 álbuns editados, uma senhora com “s” maiúsculo.
Baez regressou a Portugal passados 30 anos desde o seu último e único concerto em Portugal e apresentou-se ontem no Coliseu dos Recreios em Lisboa.
O Coliseu, esgotadíssimo, rendeu-se à sua mestria. Um espectáculo onde foi acompanhada por quatro músicos, desfilando instrumentos como bandolim, guitarra acústica, baixo acústico, percussões, violino e piano entre outros. Baez cantou e encantou. Apesar de a sua voz acusar o peso da idade, o público, mais do que uma interpretação imaculada, queria homenagear um pedacinho de história. Ao longo do concerto ouviu-se várias vezes “Joan Baez we love you”.
Joan Baez cantou as baladas dos anos 60 e 70, interpretou clássicos de Leonard Cohen como “Susanne” e de Bob Dylan como “Farewell Angelina”, “Forever Young”, após a qual alguém do público grita “ Joan Baez forever young” e “Blowin in the Wind”. Presenteou a plateia com os seus temas mais emblemáticos, nomeadamente, “Love song to a stranger” que disse ter escrito em digressão e que tratava da solidão e do conforto dado por estranhos, bem como, “Silver Dagger” que revelou ser uma canção que escreveu quando levava muito a sério a sua música e a si própria, sendo que hoje já não leva nada tanto a sério.
Não faltou a muito aplaudida “Joe Hill” que nas palavras da própria “cantou em muitos lados e não só em Woodstock”, “uma canção sobre a opressão quer da direita quer da esquerda, escrita por um homem de esquerda sendo que isso agora parece não importar”.
Um concerto em que também houveram canções em espanhol, uma canção brasileira e claro, uma em português. “Grândola Vila Morena” de José Afonso foi interpretada “ à capella” por Joan Baez acompanhada por toda a plateia. Sem dúvida, o ponto mais alto do espectáculo, uma homenagem bem merecida a uma figura incontornável da música portuguesa, também um activista que, como tantos outros por esse mundo fora, partilham os mesmos ideais de igualdade e fraternidade.
Não podemos deixar de referir “Diamonds and Rust” que foi recebida com entusiasmo pelo público.