Reportagem Kumpania Algazarra
Dia 29 de Janeiro, passada sexta-feira, foi novamente noite de Kumpania Algazarra no Teatro da Comuna.
O concerto estava marcado para a meia noite, mas parecia haver pouca afluência, em parte pela ilusão criada pela dispersão das pessoas que, entre a entrada, o terraço, o bar e a plateia, aguardavam o início do espectáculo à medida que a sala se ia compondo.
Quando a actuação teve início, mais de uma hora após o previsto, a sala estava já bastante lotada e as pessoas não paravam de aparecer, vindas de várias direcções, em exuberante algazarra, contagiadas pelas primeiras notas saltitantes de SuperCali, o mais que aclamado hino do colectivo de Luís Barrocas (voz, sax alto e guitarra), Francisco Amorim (trombone), Ricardo Pinto (trompete), Luís Bastos (clarinete), Nuno Salvado (acrodeão), Helder Silva (percussões), Hugo Fontaínhas (bateria) e Pedro Pereira (baixo, sousafone).
O som, longe de perfeito, estava, ainda assim, confortável e não prejudicou a actuação.
Durante as primeiras músicas, a audiência, absorvendo a energia e a dinâmica que transbordava do palco, dançava, pulava e movimentava-se por todo o espaço ao ritmo das sonoridades enérgicas que caracterizam a banda. Trazendo-nos à lembrança um número vasto de influências das quais talvez possamos destacar o ska, o reggae e o folk habituais, bem como as mais recentes incursões pelas sonoridades árabes.
Cerca de uma hora volvida, sentiu-se uma quebra na dinâmica, tanto em cima do palco como por entre o público. Não havendo nada a apontar aos músicos do ponto de vista técnico, que apresentaram como sempre um bom espectáculo de música, a performance não terá estado ao altíssimo nível característico. Ainda assim, as primeiras filas viveram todo o concerto intensamente, não faltanto uma ou outra subida ao palco e breves esboços de stagedive e crowdsurf.
No que respeita à componente cénica, o espectáculo deve muito, senão tudo, aos figurinos característicos dos músicos e à interação tanto entre músicos como entre estes e o público, havendo sempre espaço para as picardias aos colegas durante os seus solos, para os pulos e danças e para o incentivo à festa e à alegria durante a actuação que durou cerca de 1 hora e 40 minutos.
Podemos então dizer, em jeito de resumo, que o concerto, não tendo sido perfeito em termos de dinâmica (se usarmos, claro está, a escala a que os Kumpania Algazarra nos habituaram), foi, ainda assim, musicalmente muito bom.