Reportagem Kyuss Lives! no Incrível Almadense
Os Kyuss decidiram voltar a fazer render o seu peixe. Marcaram dois concertos para Portugal, um em Almada com os Miss Lava na primeira parte e outro no Hard Club do Porto, com os Black Bombaim a assumirem a mesma posição.
Se muitos ficaram em casa pela ausência de Josh Homme (Queens of the Stone Age), como se isso fizesse sequer sentido, perderam talvez um dos regressos mais bem decididos da história dos regressos de bandas. O peso dos Kyuss, agora ressuscitados em Kyuss Lives!, assentou nos ombros do Incrível Almadense, cheio até ás guelras, mas mal preparado para o baixo grave e a voz californiana de John Garcia, que mesmo com uma porradona de anos em cima, está mais que bem tratada.
Josh Homme (tal como Scott Reeder) não se quis juntar a esta reunião e é Bruno Fevery que lhe ocupa – e bem, diga-se - o lugar, na guitarra. Dá-se início a Gardenia de "Welcome to the Valley". Há mais de 10 anos que os Kyuss não fazem nada, mas parece que não precisam. Se houve quem não saísse da sala com dor de pescoço, não é headbanger nem stoner que se preze. Hurricane mostra Nick Oliveri mais calmo atrás de um baixo do que atrás da sua voz (tipo, a Six Shooter dos QOTSA é o quê?). As provas de um guitarrista substituto exemplar era dadas durante os solos, particularmente, e durante toda a actuação de modo geral.
Spaceship Landing ou One Inch Man levavam Garcia a abanar-se com um ar cândido e aspecto galã e movimentos precisos de quem sabe de trás para a frente um repertório já antigo.
El Rodeo e Supa Scoopa and Mighty Scoop atingiram picos e ao mesmo tempo uma acalmia de peso, o Almadense já não sabia para onde se virar com tanto calor, mas para a frente era o caminho. O mosh entrou em cena, evidentemente e na varanda, alguns mais descontrolados exprimiam a sua vontade de partilhar o caos que se vivia no primeiro piso.
As condições impostas pela sala impediram os Kyuss de tocarem a setlist na sua totalidade – como sempre, pequena demais, mesmo que tivessem tocado todos os álbuns de trás para a frente - e foi Green Machine que ocupou o lugar do adeus.
A prestação de Brant Bjork ficou ofuscada pelas paredes da sala, por mais força que um homem tenha nos braços, pouco se pode fazer a paredes que engolem som.
Não se pode dizer que tenha sido um concerto mau por isso, é, na verdade, a única falha a apontar. Os 4 músicos estiveram a "100%" e prometeram um regresso no próximo ano.