Reportagem Lady Gaga no Meo Arena
Quatro anos passaram desde a estreia de Lady Gaga em palcos portugueses e muito mudou entretanto: dois discos lançados, uma cirurgia que forçou a artista a interromper a digressão de 2013 e um espírito renovado face à liberdade - e, consequentemente, restrições - daquilo que lhe é permitido enquanto criadora.
Se na Monsterball Tour nos fora mostrada uma performance inspirada nos moldes e esquemas que delimitam um típico musical da Broadway (presença de uma narrativa repartida por vários actos), com a actuação que trouxe a Lisboa na última segunda-feira, a visão foi distinta.
Com um espectáculo bem mais assente na celebração das canções per se, Lady Gaga pretende agora reforçar a ideia de que a sua extravagância é suficiente para encher um palco. E eventualmente será.
Breedlove e Lady Starlight asseguraram as primeiras actuações da noite, com prestações pouco memoráveis mas invulgares considerando o cenário de antecipação de um concerto pop. Lady Starlight optou por um set preenchido por sonoridades house e techno
21h e a atracção principal tem início: quando o hipnótico início de ARTPOP começa a soar pela MEO Arena, o público clama e expressa com fervor as boas-vindas a Lady Gaga. De volta, esse público viria a receber, nas duas horas seguintes, um sentimento de admiração retribuída, envolto na desnorteante EDM que inunda a maioria das canções do novo disco. Nos momentos mais calmos, ouvimo-la ao piano e a cantar uma versão de Bang Bang (original de Cher, popularizado por Nancy Sinatra) deixando assente que as capacidades vocais e performativas da artista em questão não se limitam às batidas electrónicas e aos sintetizadores dos seus êxitos mais salientes.
Pontuado por discursos motivacionais sobre expressão criativa, orientação sexual e identidade de género (realçando o machismo da industria discográfica), o alinhamento desta noite enveredou a fundo pelas canções que fazem parte de ARTPOP e por alguns dos sucessos que Lady Gaga assinara noutros discos.
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sábado, 20 dezembro 2014