Reportagem Laurel Halo no MusicBox
Laurel Halo já não é desconhecida nenhuma perante a plateia portuguesa e a sua terceira actuação em terras lusas marcou permanentemente o seu nome, na passada sexta-feira, numa lista considerada de eventos memoráveis da sala do Cais do Sodré.
Com o atraso da praxe, os Tropa Macaca ficaram encarregues de iniciar uma noite sem grandes luzes ou expectativas. André Abel, conhecido por ter pertencido aos já extinctos Aquaparque, juntamente com Joana da Conceição, criaram "Ectoplasma", o mais recente EP.
Entraram em palco na penumbra e discretos foram durante toda a atuação. Manipularam pedais, mal ousaram proferir palavras e brincaram com sons que pareciam perdidos e disconexos. Diz-se habitualmente que a música fala por si, mas nem todos aqueles que a escutam, muitas das vezes, são capazes de compreender a mensagem que é espelida através das vibrações dos amplificadores. Em conformidade, a guitarra de Abel conjuga-se bem com a distorção, mas falta algo. Esse “algo” faz com que a música dos Tropa Macaca se torne comum.
Pouco depois da hora marcada, por volta da 1h30 da manhã, desce um ecrã branco e sobe uma frágil rapariga ao palco que se coloca perante uma mesa do dobro do seu tamanho. As aparências iludem e Laurel Halo é prova viva disso. Ao dominar ao longo de uma hora toda uma plateia que estava fixada no palco a observar a transformação de uma jovem dócil numa pessoa metódica, controladora e autista, enquanto na parede traseira eram transmitidas imagens quase kaleidoscópicas.
A sonoridade ao vivo de “Quarantine” é mais dançável. Misturas e remisturas levaram a um concerto/espetáculo mais dançável do que a um evento que se previa calmo. Lógico que não faltou “Hour Logic”, o EP de 2011, que permitiu os presentes soltar a vontade de dançar. Só na recta final da hora de concerto, que mais pareceram minutos, Laurel Halo dirige-se ao microfone e canta palavras quase imperceptíveis e rapidamente se despede do público que veio só para a ver.
São artistas assim, por mais incompreendidos que sejam, acabam por ser valorizados e provam a pequenos públicos do que realmente são capazes . E se Laurel Halo não está no bom caminho para alcançar o estrelato no campo do IDM (inteligent dance music) com a sua electrónica futurista, sonhadora e ambiciosa, então algo está seriamente errado.
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sábado, 20 dezembro 2014