Reportagem Leonard Cohen
Na passada noite de sexta-feira, juntaram-se milhares de pessoas na maior sala de espectáculos lisboeta, o Pavilhão Atlântico, para acolher um dos intérpretes mais conhecidos e de renome internacional. Leonard Norman Cohen, com os seus plenos 75 anos de idade, volta a Portugal pela terceira vez em três anos, para uma nova sessão de sedução falada e sombrias melodias, para e em honra de um público maioritariamente mais velho.
O poeta sombrio entra em palco, tira o chapéu, em jeito de cortesia, e é prontamente aplaudido pela ansiosa hoste. Fazendo-se acompanhar de um magnífico coro, composto pela elegante Sharon Robinson e as graciosas e acrobáticas Webb Sisters, tal como por um conjunto de músicos talentosos (destaque para o guitarrista espanhol Javier Mas), tanto Cohen como os seus acompanhantes atingem uma serena harmonia em interpretações como ‘Ain’t No Cure for Love’ e ‘Everybody Knows’. O ritmo é relaxante, o folk e até o soul gracejam as notas musicais e Leonard Cohen hipnotiza, de voz grave e sombria, nas belíssimas ‘Bird on a Wire’ e ‘Chelsea Hotel #2’, na primeira parte de um concerto calmo.
Na esperada ‘Hallelujah’, dá voz a uma das canções mais contemporâneas mais interpretadas, distinguindo-se da melancolia do já falecido Jeff Buckley e da versatilidade de Rufus Wainwright, que apenas homenageavam a carismática voz deste autor (o original). Já em encore, Cohen passa ainda por ‘So Long, Marianne’, muito aclamada por um público que já estava de pé. “Sincerely, Leonard Cohen”, assina em ‘Famous Blue Raincoat’ e encerra, de forma belíssima, com ‘Heart With No Companion’.
Ao longo de mais de três horas, foi-nos presenciada, sem dúvida, uma vida de canções do poeta sombrio que, apesar de não lançar um álbum de originais desde 2004, continua a dar cartas com a sua forte presença e heróicas prestações, tendo em conta a idade avançada. Uma humilde homenagem do canadiano que, decerto, trará boas memórias.
Foto: Ana Limas