Reportagem Local Natives no TMN ao Vivo
Passaram seis meses desde o seu concerto no Optimus Primavera Sound. Apenas meio ano depois, os Local Natives regressaram a Portugal para pisarem pela primeira vez o palco do TMN ao Vivo, com uma assistência como já não víamos há algum tempo.
Antes da banda principal, a noite teve honras de abertura por parte dos Cloud Control. Perfeitamente desconhecidos do público português, podemos dizer que os Cloud Control apresentaram um rock alternativo que, dizemos nós, conquistou vários fãs na noite do passado domingo.
Com dois álbuns na bagagem, sendo Dream Cave o mais recente trabalho, os australianos foram uma excelente surpresa para o público português, deixando todos com uma aguçada curiosidade. Ouvimos temas como “Gold Canary”, “Scar” e a belíssima “The Smoke, The Feeling” que, ao vivo, ganha uma emoção e maturação completamente diferente do registo do estúdio.
Deliciados com a recepção, a banda agradeceu a vinda dos portugueses à sala do TMN ao Vivo, terminando pouco depois a curta actuação. Querem um conselho? Prestem atenção a estes australianos.
A espera não durou muito tempo, já que os Local Natives, a principal atracção da noite, entravam no palco da acolhedora sala lisboeta para serem recebidos em grande euforia por um público sedento por um bom concerto.
A jornada começou com o single “Breakers”, do mais recente álbum da banda, Hummingbird, para logo ser sucedido com a belíssima “World News”, tema do primeiro álbum da banda, Gorilla Manor.
A loucura estava instalada e a banda dirigia-se pela primeira vez ao público, agradecendo a vinda de todos. E bem o fizeram porque, se o TMN ao Vivo não esgotou, esteve lá perto, dando toda uma outra aura a uma sala que já precisava de receber um público a condizer.
Sejamos sinceros: Hummingbird é um álbum menos conseguido e muito mais chato do que o primeiro registo da banda. Contudo, ao vivo, os temas acabam por conseguir sobressair e ultrapassar largamente a versão de estúdio, transformando-se em algo mais animado. Não sendo brilhante, o rock com uns trevos pop dos Local Native pode ser certinho e fácil, mas é, também ele, prazeroso.
Ao longo do concerto foram-se sucedendo os elogios. Se os elementos da banda referiram que éramos um povo muito “friendly” e muito “clappers”, houve quem lançasse um pedido de casamento a Kelcey Ayer, vocalista principal da banda. A resposta foi imediata, mas por parte de Taylor Rice – também vocalista e guitarrista – que disse “não podemos casar contigo, mas esta música é para ti”. Gargalhada geral, boa disposição instalada.
O mesmo Kelcey chegou a contar que a sua esposa é "um quarto portuguesa mas, olhando para vocês, gostava que fosse 100% portuguesa". Palavras que podem não ser totalmente verdadeiras, mas que deixaram rendido o público feminino.
Durante o concerto, os Local Natives mostraram-se mais contidos em temas como “You & I” ou “Ceilings”, convenceram com “Warning Sign”, original dos Talking Heads, e arrasaram com “Camera Talk”, a lindíssima “Airplanes” e “Colombia”.
Pouco antes de entrar no encore, os americanos confessaram-nos que este tinha sido um concerto “realmente bom” e que, quando estiveram de passagem pelo Optimus Primavera Sound, acabaram por “ficar uma semana. Apaixonámo-nos pelo local”, ficando registada uma nova visita em breve.
Ouvimos a carismática “Who Knows, Who Cares”, prolongada no final pelo público presente com vários “oh-ohs” que fechava da melhor forma um espetáculo muito bem conseguido.
Claro, o encore é da praxe, e a banda não demorou a regressar para gáudio de todas as almas presentes canto do Cais do Sodré.
O tema escolhido para encerrar definitivamente o concerto foi “Sun Hands” com direito a algum improviso, e a deixar no ar a sensação de momento apoteótico.
Energia, carga emocional, comunhão. São estes os ingredientes que podemos destacar desta noite especial com 1h30 de duração que pudemos presenciar. Num concerto muito mais vivo que no Porto, e com todo o ambiente a condizer, os Local Natives souberam conduzir o seu espetáculo com um grande à vontade, demonstrando que já fazem isto como gente grande.
A promessa de regressar ficou-nos guardada na memória. Só esperamos que não se esqueçam de nós.
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sábado, 20 dezembro 2014