Reportagem M. Ward na Aula Magna
Na passada terça-feira, dia 17 de Maio, o palco da Aula Magna recebeu o intérprete e compositor M. Ward, parte integrante do colectivo Monsters of Folk e da dupla She & Him, em terras lusas para apresentar o seu considerável trabalho a solo. Num concerto de curta duração, mas de inegável qualidade, o norte-americano passou por diversos temas de destaque da sua bagagem musical, provando que para além de uma força criativa, é também grande a tocar ao vivo.
Antes disso, quem teve a honra de abrir o espetáculo da noite foi o português Francisco Silva, com o seu projeto Old Jerusalem. O nome, partilha-o com uma música de Will Oldham, o conhecido Bonnie ‘Prince’ Billy, e a sonoridade certamente também foi influenciada pelo sublime artista – de guitarra em punho, Old Jerusalem delicia com as suas melodias dedilhadas e a entoação suave de letras elaboradas. Para além disto, tem um charme muito característico também, explicando as decisões e as histórias por detrás das suas letras com comentários humorísticos, intervalando o material antigo com novas músicas prestes a sair. O público ficou convencido.
Com uma lamentável plateia a meio gás, é a vez de M. Ward pisar o palco – e este fá-lo de forma despercebida, sozinho e solitário num palco quase vazio. No entanto, se o cenário pouco anima, é com ‘Medley: Rag/Duet for Guitars #3’, um medley de guitarra acústica que exemplifica perfeitamente os dotes de guitarra acústica do norte-americano, que este começa a construir a fundação de um concerto sublime e que encheu as medidas dos fãs.
Matt Ward é parco em palavras, mas expressivo e dinâmico a executar os temas folk pop, tanto acústicos como no piano, que falam de amor e da vida com uma nostalgia que lhe é característica. ‘Chinese Translation’ e ‘Requiem’ de Post-War (2006), são óptimos temas para aquecer a plateia, e as covers de ‘Rave On’ (sem Zooey Deschanel) e ‘Story of an Artist’, de Buddy Holly e Daniel Johnston, respectivamente, mostraram a versatilidade do intérprete, que transmite toda a emoção possível sob uma voz rouca à la Tom Waits.
Houve tempo para ‘Hold Time’, título do álbum homónimo que o trouxe mais polido e mainstream ao mundo musical, tal como uma irreconhecível ‘Let’s Dance’ de David Bowie, com o devido tratamento da sonoridade country e folk do artista – todas estas escolhas armas de fogo para convencer um público com o talento de Ward.
Após os destaques ‘Poison Cup’ e ‘Eyes on the Prize’, foi com ‘Never Had Nobody Like You’ que M. Ward terminou o seu magnífico concerto na capital portuguesa.
Estimado pelo público numa ovação em pé, é com boas memórias que os portugueses ficam do intérprete, que na sua primeira vez em Portugal, não esteve nada mal.