Reportagem Manuel Cruz @ CAE Guimarães
Manel Cruz continua a demonstrar em palco que o estilo experimental não é barulho e não tem que ser minimalista. Na noite de 30 de Abril subiu ao palco do Centro de Artes e Espectáculos S. Mamede, em Guimarães, com mais quatro músicos com os quais já tinha trabalhado, um deles Eduardo Silva, baixista dos Pluto. A casa não estava cheia, mas meia plateia e o 1º balcão repleto trouxeram ao espectáculo uma índole intimista.
Desde cedo notou-se que a qualidade musical estaria muito próxima dos brilhantes arranjos e misturas de sons do CD. O palco, invadido por instrumentos, brinquedos, megafones, computadores e K7s, mais parecia um sótão antigo em que cinco amigos sentados brincavam. Pois dessa brincadeira surgiu música e durante quase duas horas de espectáculo, Manel Cruz e o seu grupo, envolveram o público num ambiente de cumplicidade, quer entre os artistas quer com o público; as letras cantadas em tom baixo pelo público embalavam a sala e cada música pintava uma paisagem diferente. A constante troca de olhares e sorrisos em cima de palco deixou claro que os músicos sabiam o que estavam a fazer e conduziram o espectáculo da melhor forma.
De todos os temas gravados que se podem considerar "canções" de uma forma convencional,foram apresentados ao vivo três novos temas que não tinham sido estreados em palco, ainda; apenas faltou a "Borboleta" que ainda foi pedida pela plateia.
"Tal como tínhamos previsto o inesperado aconteceu", foram as palavras de Manel Cruz ao subir a palco para o segundo encore e não tenho mais temas ensaiados para aquela noite voltaram a tocar a "Cisma", desta feita, ao triplo da velocidade.
No final o público parecia satisfeito; a falta de empatia com o público pela qual tanto tem sido criticado parece ter sido deixada para trás pelo Bandido.
Só nos resta esperar que ele volte a aparecer para nos levar noutra viagem por aquele sótão antigo.