Reportagem Mão Morta no Sons de Vez 2016
Coube aos Mão Morta a honra de abrir a décima quarta edição consecutiva do festival Sons de Vez, que anualmente leva à bela localidade dos Arcos de Valdevez uma mistura de nomes consagrados e emergentes do panorama musical nacional.
Ainda em fase de promoção ao mais recente “Pelo Meu Relógio São Horas de Matar”, um álbum que versa sobre o clima de desespero, indignação e incerteza que abala Portugal, o grupo bracarense actuou numa Casa das Artes lotada e perante uma plateia desejosa de os ver – e porque não estaria? Afinal de contas, falamos de uma das maiores bandas de culto no nosso país, donos de uma sonoridade que prima tanto pela versatilidade como pelo seu registo inconfundível – por muito que se reinventem com cada disco que editam, conseguem sempre preservar os elementos que os tornam únicos – entre os quais aquele magnifico registo poético do seu carismático vocalista. Apesar de toda a banda constituir uma máquina bem oleada, a verdade é que Adolfo Luxúria Canibal, com os seus discursos eloquentes e a sua pose teatral, cativa o público, deixando-o encantado. Contudo, a verdadeira magia do mítico grupo minhoto reside, sem dúvida alguma, na qualidade das suas composições.
“Horas de Matar”, a música que abriu o concerto, é um exemplo da força que uma canção dos Mão Morta consegue ter – é pesada e cantada com enorme convicção. Seguiu-se “Tu Disseste”, retirada do disco “Primavera de Destroços”, e a partir daí o alinhamento dividiu-se entre a apresentação de temas do último trabalho e as obrigatórias viagens ao passado. É certo que faltaram alguns clássicos, mas isso é normal num grupo com um catálogo tão extenso. Ainda assim, não deixamos de ouvir hinos como “E Se Depois” (cujo entusiasmo que provocou no público tornou difícil a tarefa de permanecer sentado nas cadeiras do auditório),“1º de Novembro”, “Destilo Ódio” ou “Anarquista Duval”, que coexistiram harmoniosamente com novidades como “Pássaros a Esvoaçar”, “Irmão da Solidão”, “Hipótese do Suicídio” ou “Os Ossos de Marcelo Caetano”.
No final, o balanço é indiscutivelmente positivo; os anos passam, mas os Mão Morta continuam com a mesma vitalidade e garra que sempre os caracterizou, restando-nos esperar que os possamos ver durante muitos mais anos.
Podes ainda consultar os restantes concertos do Festival Sons de Vez que se vão prolongar pelo mês de Fevereiro e Março - Aqui.
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sexta-feira, 22 novembro 2024