Reportagem Massive Attack @ Campo Pequeno
O segundo dia consecutivo dos Massive Attack no Campo Pequeno levou a uma casa bem composta para receber o colectivo de Bristol. Para abrir o concerto os ingleses trouxeram "prata da casa". Martina Topley-Bird, colaboradora dos Massive Attack no mais recente EP "Splitting The Atom" ficou encarregue de começar a noite com dois álbuns na bagagem. Com uma voz limpida e afinada, a inglesa foi gradualmente conquistando os lisboetas até arrancar fortes aplausos. Viajando por sons tribais, dançáveis, por vezes sóbrios e fluidos, convenceu o público e foi muito aplaudida.
Oficialmente, só Robert Del Naja (3D) e Grant Marshall (Daddy G) são membros dos Massive Attack, mas verdade seja dita, os ingleses trouxeram praticamente uma orquestra consigo. Martina Topley-Bird voltou a fascinar o público sendo a vocalista que mais colaborou com a banda. "Bulletproof Love", de Splitting The Atom foi a música escolhida para iniciar o espectáculo. Aliás, do último EP, apenas "Pray For Rain" não foi tocada.
De seguida, foi revisitado o álbum Mezzanine, com "Risingson", "Teardrop", "Mezzanine", "Angel" (com Horace Andy na voz) e "Inertia Creeps", intercalando com alguns temas de 100th Window e Blue Lines. Todos os temas foram bem recebidos e motivo para aplausos, mas à medida que o concerto ia avançando, as músicas apelavam à dança. Horace Andy e Shara Nelson colaboraram com a banda ao longo de todo o concerto, num palco cheio. No fundo, podiam-se ler mensagens fortes, de teor político, em português, que pareciam ser testemunhos de pessoas abusadas em prisões como Guantanamo, despesas de deputados britânicos, frases célebres acerca de liberdade e também notícias portuguesas sensacionalistas. Uma forma dos britânicos mostrarem a sua veia interventiva.
No encore, Robert Del Naja e companhia tocaram "Splitting The Atom", "Unfinished Sympathy" e "Marakesh". Excusado será dizer que "Unfinished Sympathy" levou o público ao êxtase, muito graças à participação de Shara Nelson. A capacidade vocal da londrina não deixou ninguém indiferente e uma simples nota foi capaz de arrancar fortes aplausos dos lisboetas. Após tocarem Marakesh, parecia o final anunciado do concerto, com algumas pessoas a abandonarem os seus lugares nas bancadas. Mas imediatamente voltaram atrás quando ouviram a voz de Robert Del Naja dizendo que gostam imenso de Lisboa e que não podiam ter escolhido melhor sítio para terminar a tour.
A verdade é que esta foi a penúltima cidade da tour, mas talvez pela proximidade do final, este concerto tenha tido um sabor especial para os ingleses.
Karmacoma fechou uma noite em grande, que não deixou ninguém desapontado com um concerto muito profissional e com muita alma.