Reportagem Melody Gardot @ Oeiras Sounds
Passavam 15 minutos das 22 horas quando Melody Gardot e a sua banda - composta por Bryan Rogers (saxofone), Ken Pendergast (contrabaixo, guitarra), Patrick Hughes (trompete), Behn Gillece (vibrafone) e Chuck Staab III (bateria e percussão)– subiam ao palco do Oeiras Sounds, nos Jardins dos Marqueses de Pombal.
Para quem não conhece, Melody Gardot é o reflexo de algo encantador emergido de um acontecimento trágico. Aos 19 anos, Melody viu-se envolvida num acidente grave enquanto passeava de bicicleta sofrendo danos ao nível cognitivo. Foi aconselhada por um médico a tentar terapia musical por forma a minimizar os mesmos e ainda bem que o fez...
Na noite ventosa e pouco convidativa, a sensual Gardot, alternando entre o piano e a guitarra, levou o público presente numa viagem sonora por Nova Iorque, Nova Orleães e até Paris através do desfilar de temas de “My One and Only Thrill” e “Worrisome Heart”, os dois álbuns lançados até ao momento pela cantora. “Your Heart is as Black as Night”, “Worrisome Heart”, “Les étoiles” e até uma versão de “Ain’t no Sunshine” de Bill Withers fizeram parte do alinhamento do espectáculo que teve a (curta) duração de uma hora. Após o público solicitar um encore, os músicos responderam com a interpretação de um muito apropriado “Goodnite”.
A voz doce de Melody e toda a paleta sonora impregnada de jazz, blues e até samba (é uma fã de Stan Getz e Tom Jobim) deixava o público em silêncio durante cada música, sendo este apenas quebrado pelos aplausos no final da mesma. Melody Gardot, sempre comunicativa, mostrou bastante sentido de humor (incluindo referências à série “Family Guy”!) - em temas tão diversos como sapatos, o vento e relações amorosas - e algum conhecimento da língua portuguesa (embora com sotaque brasileiro) que se cingia a, para além dos palavrões que lhe foram ensinados – como é da praxe -, “Boa noite”, “Obrigada” e “Tchau”.
Despediu-se com um “see you soon” e nós esperamos que sim.