Reportagem Metal Supremacy I no Porto
No sábado passado a Cave 45, um local que já há muito que se afirmou como uma acolhedora casa para o underground nas suas mais diversas manifestações, recebeu uma noite inteiramente dedicada ao metal nacional, num evento que contou com um total de quatro bandas: Thishonor, Soul Doubt, Hang the Traitor e Cape Torment.
Os Thishonor foram os primeiros a subir ao palco e brindaram o público com um competente cruzamento entre death/thrash e algum groove. O quinteto exibiu considerável mestria instrumental e soube incorporar elementos melódicos no seu universo musical naturalmente pesado, tendo proporcionado um agradável aquecimento.
Seguiram-se os Soul Doubt, responsáveis por um dos melhores concertos da noite. Com uma sonoridade que vai beber aos Metallica da fase “Kill 'Em All”, aos primórdios dos Iron Maiden ou aos Motörhead, o grupo criou um contagiante clima de festa através de uma actuação apaixonada, enérgica e absolutamente memorável. Esta explosiva dose de thrash/heavy metal clássico terminou com a interpretação da mítica “Ace of Spades” dos Motörhead- uma homenagem ao lendário Lemmy Kilmister e uma excelente forma de pôr um ponto final numa bela actuação.
Os níveis de energia mantiveram-se elevados com a chegada dos Hang the Traitor, que, mesmo não beneficiando de um som totalmente nítido, trataram de contagiar o público com a sua intensa fórmula de death/thrash recheado de groove.
Por fim, subiram ao palco os Cape Torment, donos de um poderoso death metal old school com um imaginário inspirado nos tempos áureos dos descobrimentos portugueses. Sendo uma banda constituída por elementos veteranos do underground, mostrou estar confiante e segura de si própria, o que se traduziu numa prestação de alta qualidade. Com um setlist baseado maioritariamente no EP de estreia homónimo, houve também espaço para, entre outras coisas, ouvirmos um delicioso tributo aos Massacre com “Dawn of Eternity”. No final, ficamos com a certeza de que os Cape Torment são uma máquina bem oleada – basta escutar a voz monstruosamente cavernosa do seu vocalista e a precisão e fluidez dos restantes músicos. Só o tempo dirá o que se encontra reservado para o colectivo, mas o futuro parece ser risonho.
Agradecimentos à organização e a Pedro Amorim (AMR photo).
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segunda-feira, 18 abril 2016