Reportagem Metallica - Lisboa
O Pavilhão Atlântico esgotou para assistir ao primeiro espectáculo de pavilhão dos Metallica no nosso país. Primeira vez também num palco de 360º, muito baixo, que conferiu um nível de intimidade com o público ainda maior do que seria à partida.
Como há muitos anos, o concerto começa com The Ecstasy Of Gold, de Ennio Morricone, enquanto a banda vai entrando em palco, com todas as luzes do recinto apagadas.
That Was Just Your Life, do álbum "Death Magnetic" foi a música de abertura, durante a qual apenas lasers, espectacularmente sincronizados com a música, iluminaram o palco. Fantástico inicio, com uma música rápida, com um solo frenético e arrasador. Seguiu-se The End Of The Line, também do álbum que motivou a tour. Duas músicas do mais recente álbum de originais dos norte-americanos, que foram muito bem recebidas, quase com a mesma euforia que seria dedicada a outras músicas que já têm um lugar especial no coração dos fãs. Como é o caso de Ride The Lighting, que pôs em êxtase o Pavilhão Atlântico. Foi apenas a segunda vez que a banda de S. Francisco tocou Ride The Lighting em Portugal, uma música que já tem 26 anos. Seria depois tempo de regressar aos anos dourados dos Metallica e consequentemente ao seu álbum mais bem sucedido de sempre (15 discos de platina nos E.U.A.). Through The Never continuou com a onda arrasadora de Trash Metal que vinha a ser debitada até aqui e que encantou o público.
Mas nem só de música pesada vivem os Metallica e era chegada a hora de tocar Fade To Black, como homenagem a Ronnie James Dio, vítima de cancro há dias. Que música melhor para uma dedicatória? James Hetfield pergunta aos portugueses se querem ouvir mais algum tema de "Death Magnetic". A resposta afirmativa foi presenteada com Broken, Beat and Scarred e My Apocalypse. De seguida, regresso aos clássicos com Sad But True e aquela que viria a ser a última incursão em "Death Magnetic", The Unforgiven III.
Antes do encore, seis êxitos, que deram um grande colorido à actuação: The Four Horseman, das primeiras músicas dos Metallica, composta em conjunto com Dave Mustaine, quando este ainda fazia parte da banda; One, com o já habitual espectáculo de pirotecnia, apesar de um pouco diferente (com algumas chamas coloridas durante a música e pequenas labaredas no palco); Master Of Puppets, na qual os norte-americanos voltaram a utilizar lasers (durante o interlúdio da música); Battery, numa versão que sofreu um pequeno corte; Nothing Else Matters, que desperta até as vozes dos menos activos e Enter Sandman.
A banda de Lars Ulrich regressa ainda para encore. Segundo James estava na altura de tocar uma música de outra banda. De uma banda que serviu de inspiração aos Metallica. Stone Cold Crazy dos Queen, foi uma escolha acertada, a julgar pela reacção do público, música que inclusivé James Hetfield já cantou no concerto de tributo a Freddie Mercury, em 1992. Seguiu-se Phantom Lord, do álbum "Kill’em All", a trazer imensa nostalgia, não fosse o primeiro álbum de uma carreira tão longa. Tempo ainda para James Hetfield pedir um favor ao público português, num “dia muito importante para a familia Hetfield”. Castor Hetfield, filho do vocalista/guitarrista, cumpria o seu décimo aniversário e a plateia cantou-lhe os parabéns com pompa e circunstância.
Notava-se que estava no fim, mas sabia-se que ainda não tinha acabado. Faltava o hino de sempre. O clássico dos clássicos. A música que não pode faltar em nenhum concerto dos Metallica. Seek And Destroy. Um fã teve direito a dar as “batidas” iniciais na bateria de Lars e pouco depois, uma chuva de bolas insufláveis negras “inundou” o palco, tornando o final do concerto ainda mais divertido e com uma grande comunhão entre banda e público.
É impossível mentir, estes não são os mesmos Metallica dos seus anos áureos, mas continuam a ser uma enorme banda ao vivo, que dedica toda a sua energia ao público e demonstra o mesmo amor pela música desde sempre. Lars Ulrich deixou ainda no ar a promessa de dar um concerto em Portugal por ano.