Reportagem Metz no Porto
Pelas 22h45, os Metz subiram a palco da sala 2 do Hard Club para deixarem a corajosa pequena audiência de rastos. Mais uma passagem energética pelo Porto, onde durante cerca de uma hora e pico os canadianos partiram a loiça toda sem pedir licença nem desculpa. Uma lembrança de que, apesar de tudo, o rock ainda está bem vivo.
Há poucas bandas rock que, ao serem ouvidas, dão a sensação de um atropelo sónico tão feroz que normalmente essa tarefa recai sobre bandas mais ligadas a sub-géneros como o metal ou o hardcore. Mas os Metz, sem nunca largar um universo sobretudo rock, mexem e brincam com essas fronteiras de uma forma consistente e elegante.
Mas antes, uma nota para os americanos Moaning. O power trio oriundo de Los Angeles transportou um cocktail muito interessante de post-punk, college rock e derivados, alternando em estaladas sonoras e povoadas com berros e outros trejeitos mais violentos com autênticos momentos mais cristalinos e suaves. Uma sensibilidade mais pop numa banda onde o leme é sempre conduzido com muita distorção e uma certa atitude rude.
Porém, a noite pertencia aos Metz. De prego a fundo do primeiro ao último minuto da actuação, os Metz têm o condão de espalhar o caos e destruição com uma intensa fragrância ao noise rock e hardcore que bem povoaram os finais de 80 e inícios de 90, lembrando a espaços a vertente mais pesada e electrificada dos Nirvana. Ainda em tour com “Strange Peace” de Setembro do ano passado, os temas sucederam-se como uma metralhadora, convidando o público a “dançar” com eles logo no ínicio (e abrindo as hostes para uma saudável sessão de mosh). Apesar do look relativamente nerdy, Alex Edkins suou litros com a sua guitarra, onde durante o concerto saltou, esperneou e acima de tudo manteve a linha visceral e crua do seu som bem em cima, ajudado pela competência musculada de Chris Slorach (baixo) e Hayden Menzies (bateria).
Após uma hora de concerto, parecia tudo arrumado para ir para casa, mas o pouco público portuense ainda teve a felicidade de ver um pequeno encore. Com muitos sorrisos pela sala e muitas t-shirts ensopadas, foi dado o até já a um dos trios rock mais agitantes e relevantes do catálogo da Sub Pop.
Apesar dos ouvidos a sangrar devido ao volume e intensidade do som, o tinir nos ouvidos é um pequeno preço a pagar para o redemoinho sonoro que são Metz ao vivo. Para a próxima, não esquecer os tampões de ouvidos!
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quinta-feira, 26 abril 2018