Reportagem Michael Buble em Portugal 2014
Uma noite que estava esgotada há muito. Naquele que foi o primeiro de dois concertos programados para a Meo Arena, o canadiano Michael Bublé encantou o público que acorreu em massa para o ver, desde miúdos a graúdos.
Um espetáculo na maior sala do país tem, como é natural, de ficar marcado com pompa e circunstância. E assim foi. Quando as luzes da sala lisboeta se apagaram, as cerca de 13 mil pessoas que esgotaram aquela primeira noite ficaram em alvoroço com o tão ansiado início do espetáculo.
Um pano gigante escondia os músicos e o próprio Bublé, sendo apenas visível nos ecrãs gigantes as letras “MB”.
Um pouco de pirotecnia, os acordes de “Fever” e eis que a cortina gigante abre ao meio para revelar o cantor, que entrou de rompante deslizando – literalmente - para o meio do palco.
Seguiu-se a muito festejada “Haven’t Met You Yet” e, logo depois, Bublé – já amparado pela sua vislumbre equipa de músicos - dirigia-se pela primeira vez ao público. E foram só elogios. “Entre todos os países por onde passei, Portugal foi o que me deu o melhor público. Por isso, tenho grandes expetativas para esta noite”, disse em alusão aos concertos dados em 2010 naquele espaço.
Bublé é, também ele, um homem com um humor muito característico. Desde chamar “bitch” a uma miúda acompanhada pela mãe, a gozar com o próprio Justin Bieber – “eu sou um novo pai e é mais fácil cuidar da minha criança do que do Justin Bieber” – ainda assim referindo que o canadiano é um “fedelho com talento”.
Depois de ter pedido aos portugueses que queria que a noite funcionasse como um primeiro encontro romântico, a música continuou com temas como “Try a Little Tenderness” e “Come Dance With Me” de Frank Sinatra.
Afinal, percebe-se o porquê do furor em relação a Bublé. Mais que um simples músico, o canadiano revela-se um verdadeiro entertainer e tem o suporte de uma festa estrategicamente bem contada. Ele canta no tom certo, ele dança, ele rodopia, ele mete-se com o público – até com os mais ricos – lança piadas e apela ao romantismo entre casais. Porque acima de tudo, mais que um performer, é também um ser humano com sentimentos.
Os próprios músicos que acompanham têm direito a algum protagonismo, sendo apresentados como a “Team Bublé” ao estilo de uma partida desportiva.
Ainda que novos temas como “Close Your Eyes” – com a participação de uma orquestra de cordas de Lisboa - ou “It’s a Beautiful Day” não causem o furor desejado, Bublé sabe-o e aposta no seu vasto repertório para provocar explosões de alegria e danças desenfreadas, como “Home” ou “Everything”.
Como romântico incurável que é, Bublé dedicou a todos os presentes o tema “That’s All”, de Nat King Cole, provocando os solteiros com um “agarram-se ao casal mais próximo para fazerem um mênage a trois”.
Talvez inesperados fossem os momentos seguintes. Uma plataforma iluminada no fundo da Meo Arena causava alguma curiosidade e, de repente, Bublé prova o porquê daquela estrutura. Passando pelo público – com muitos cumprimentos à mistura – o performer canadiano aproveitou a ajuda dos Naturally7 para, imagine-se, encantar com temas como “Get Lucky” dos Daft Punk e “To Love Somebody”, dos Bee Gees.
Depois do amor ficar no ar com “All You Need Is Love”, ninguém sabia o que esperar do cantor. Regressado ao palco com um novo casaco, fica-nos na memória “A Song For You”, cantado sem microfone, em versão à capella, num momento que deixou os pelos em pé de todas as 13 mil pessoas que esgotaram aquela primeira noite.
Duas horas de puro entretenimento. Se o público queria ser adorado por Bublé, este soube ser idolatrado por eles.
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sábado, 20 dezembro 2014