Reportagem Mika em Lisboa
Mika é um artista familiar. Agrada miúdos e graúdos e esboça nessas mesmas familias um sorriso, quer queiram, quer não. Regressa novamente ao nosso país, e traz desta vez Origin of Love, editado em Setembro do presente ano
Previsto para as 21 horas, a entrada do inglês de origem libanesa tardou mais quarenta e cinco minutos. Isso não impediu que o warm-up não fosse ao som do coreano mais rodado das rádios em 2012. Formaram-se comboios humanos em torno do grande coliseu. Mas não é disto que queremos falar, é sim, do simpático Mika.
Apagam-se as luzes, ligam-se os projectores e salta para o palco Michael Holbrook Penniman, Jr, com uma vestimenta claramente inspirada em Michael Jackson. Das colunas ouvia-se as primeiras notas de Relax e instalou-se logo a festa, que se previa colorida e reluzente. Mika é adepto de saltar e costuma entrega-se a cento e dez por centro, mas desta vez não foi o caso. Estava doente e a sua voz não estava nas condições normais. Mesmo assim, não foi motivo para parar o concerto. O espetáculo, como se costuma dizer, tem de continuar e assim foi.
O declarar o seu amor pelo público português foi imediato. A primeira apreciação do novo álbum dá-se logo de início com Lola, uma canção ainda por ensaiar por parte do público. Depois de Blue Eyes, Mika senta-se ao piano e relata a sua tarde. Tinha-a a passado em fármacias à procura de medicamentos para estar presente em palco. O público rapidamente agradeceu o esforço.
Billy Brown chamou logo à atenção mas foi com Rain que o público explodiu. O foco de luz aproximou Mika do seu público. Aproximou de tal forma que o entusiasmo levou a uma invasão de palco que não era suposta. Começou a notar-se as falhas da sua voz, porque obviamente, os agudos do cantor não perdoam.
Como bom apologista de todas as formas e feitios, a cantiga de louvor às mais gordinhas chegou com Big Girl (You Are Beautiful), que contou novamente com o coro vestido a preceito e as letras muito bem ensaiadas.
Underwater mostra que Mika dá um bom maestro. Comanda bem as vozes para compensar a falta da sua. Pouco depois chega Love Today que é a gota de água. Mika está esgotado, a garganta dói-lhe e pensa por momentos parar o concerto e ir embora. Pergunta ao público se quer que continue e recebe uma resposta óbvia. Gritos a implorar, ao qual o inglês cede.
Mika sempre foi visto como o Peter Pan da música. E à terceira tentativa, conseguiu amadurecer. Haverá sempre os álbuns editados para relembrar a “suposta” juvenilidade do cantor e a sua fase inicial enquanto performer e músico. Celebrate encerra as festividades, mas ainda havia dois trunfos. Grace Kelly, uma homenagem à bela senhora do Mónaco e uma das canções mais bem sucedidas do cantor.
We Are Golden, a eterna canção da juventude diz adeus a um serão passado em família, que poderia ter sido mais satisfatória se o cantor estivesse em boa forma, apesar de se sentir em casa quando toca no nosso país.
Com um público entusiasta e compreensivo, ele volta eventualmente.
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Organização:Música no Coração
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sábado, 20 dezembro 2014