Reportagem Monkey3 no Porto
A Cave 45, um espaço já obrigatório no circuito de concertos underground, foi novamente palco de uma grande noite de rock, que mesmo a uma terça-feira reuniu uma casa muito bem composta para assistir ao regresso dos suíços Monkey3, que no ano passado lançaram o álbum” Astra Symmetry”.
Contudo, antes da chegada dos cabeças de cartaz, subiram ao palco uma das maiores revelações nacionais dos últimos tempos – os Astrodome. Pegando naquele espírito de jam session típico dos Led Zeppelin e apresentando igualmente influências de Jimi Hendrix e Black Sabbath, o grupo proporcionou uma poderosíssima viagem psicadélica, conquistando imediatamente uma audiência que se mostrou efusiva ao longo de todo o concerto. Guitarras cheias de distorção, uma bateria selvagem e muita energia e confiança em cima do palco - foi essa a receita dos Astrodome, que provaram que às vezes as bandas de abertura são tão entusiasmantes como a atracção principal.
Seguiram-se os Monkey3, e no lugar da energia desenfreada dos Astrodome, instalou-se um clima mais contemplativo mas igualmente descontraído, fruto do ambiente de “viagem” que caracteriza a sonoridade do grupo. Há elementos de stoner que se manifestam, por exemplo, em alguns riffs mais agressivos, mas o prato forte acaba por ser o equilíbrio entre o space rock de uns Hawkwind e os contornos progressivos mas de sabor psicadélico que os Pink Floyd criavam no início dos anos 70. É nessa década que os Monkey3 buscam a maioria da sua inspiração, conseguindo recriar perfeitamente o passado sem que esse exercício soe forçado e pouco genuíno.
Como ponto negativo, há que mencionar o facto de as projecções, certamente na ausência de outra opção, terem sido somente exibidas no bombo da bateria, sendo que a utilização de um suporte visual resulta melhor quando este está bem visível, complementando eficazmente a experiência sensorial.
Contudo, a actuação não deixou de ser extremamente competente, até porque a força de temas como “Birth of Venus”, “Through the Desert” ou “Icarus” é contagiante. Um bom concerto de uma banda que sabe bem o que faz.
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Organização:Garboyl Lives
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sexta-feira, 10 fevereiro 2017