Reportagem Mono no Porto
Depois dos concertos de 2010 e 2013, os Mono regressaram a Portugal para apresentar os dois álbuns lançados simultaneamente no ano passado: “Rays of Darkness” e “The Last Dawn”.
Com uma sala cheia e ansiosa para os ver, os japoneses começaram com “Recoil, Ignite”, criando desde logo uma atmosfera introspectiva e acolhedora. Escutar os instrumentais belos, delicados e etéreos do quarteto do país do sol nascente permite-nos esquecer os nossos problemas e embarcar numa viagem surreal por um mundo bucólico, numa fantasia que apenas lamentamos ser temporária. Não há dúvida que os concertos do grupo de Tóquio constituem uma autêntica experiência catártica, onde a melodia e o ruído coexistem harmoniosamente e originam uma explosão de sons que nos atacam violentamente, purificando-nos. Ao longo de uma hora e quinze minutos foram apresentados temas novos como “Kanata” ou “Where We Begin” e recordados alguns dos capítulos mais recentes da história da banda, nomeadamente “Unseen Harbor” (do álbum “For My Parents”), “Pure as Snow”, “Ashes in the Snow” e “Everlasting Light”, retirados do emblemático “Hymn to the Immortal Wind”. Após esta poderosa e inesquecível prestação, resta-nos perguntar: para quê palavras, quando a música se revela tão eloquente?
Antes dos cabeças de cartaz tivemos o prazer de conhecer o trabalho de Helen Money, alter-ego de Alison Chesley. A talentosa e criativa violoncelista norte-americana reinventa o seu instrumento de forma excêntrica, conciliando a melodia de inspiração clássica com rasgos de noise, doom e drone, chegando ocasionalmente a usar samples de bateria para criar um acompanhamento de percussão diabólico. Uma estreia absolutamente arrebatadora e uma artista que esperamos ver novamente num palco nacional.
-
sexta-feira, 22 maio 2015