Reportagem Moullinex no Porto
Em estúdio Luís Clara Gomes, ou se preferirem Moullinex, constroi a pop eletrónica mais adocicada e dançante que alguma vez o nosso pais ofereceu. Depois de percorrer o mundo enquanto Dj, chegou a hora de apresentar o tão aguardado segundo álbum. “Elsewhere” é um disco mais dinâmico, mais psicadélico e a pedir um compromisso maior com o palco, talvez por esse motivo, o produtor decidiu-se acompanhar por uma banda em palco. Vestidos de fato-macaco e rodeados de nuvens, os músicos apresentaram quase de uma vez só o novo álbum, sem grandes interrupções para falar com o público, deixaram que fosse a música a envolver o público e a comandar a noite.
O concerto arrancou ao som da agitadora “Anxiety”, que facilmente puxou os primeiros corpos para o centro da “pista da dança”.
Ver um concerto de Moullinex é isto! É dançar. Aí atrás façam como estas bonitas pessoas da frente, apela ao músico. Algo que não foi difícil de conseguir numa Sala 1 do Hard Club bastante bem composta.
Em “Things We Do”, a banda puxou pela sensualidade e o toque, que o digam alguns casais espalhados pelas primeiras filas. “Elsewhere”, mostrou que Moullinex sabe rockar. “Don’t You Fell” mostrou-nos que o passado ainda está presente e que podemos esperar sempre alegrias daquele baixo viciante tocado pelo Luís.
Contudo entre as novas, foi a potência de “Can’t Stop” que mais incendiou a audiência, provocando coreografias coletivas em alguns grupos. Num tema, onde a banda carregou no acelerador e deixou-se levar até caminhos que ainda não conhecíamos, apoiados em uma bateria possante e num delírio psicadélico crescente e sem fim a vista. Junto com “Flora”, que com uma roupagem mais densa e possante, são os melhores exemplos de um novo Moullinex que facilmente tira sorrisos da plateia.
O suor já corria pela cara das pessoas quando ao palco subiram os Best Youth, para uma versão cheia de charme de “Deja Vú”, uma música que para Moullinex fica melhor feita por eles do que pelo próprio. Foi um bonito regresso ao primeiro trabalho do produtor, que atingiu o seu ponto maior em “Take My Pain Away”, o tema onde mais se fez sentir a euforia do público, onde a música foi cantada e amplamente dançada por todos os que estavam na sala.
No Porto é sempre bonito, diz Moullinex. É verdade.
Este pode ser um início de uma bonita nova aventura. A música de Moullinex, não abandonou a eletrónica, não deixa de ter o poder de fazer dançar os menos envergonhados, apenas tornou-se mais rica em camadas e texturas, mais adulta e contemplativa, mais psicadélica e com a bateria a comandar as operações. Tem tudo para ser um dos próximos grandes nomes dos palcos nacionais e para começar a desafiar-nos com excelentes concertos.
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quinta-feira, 21 novembro 2024