Reportagem Nadine Khouri no Porto

Nadine Khouri, artista libanesa actualmente radicada em Londres, visitou pela primeira vez o Porto na semana passada, aproveitando esta passagem para apresentar a novidade “The Salted Air”.

O álbum, produzido por John Parish, colaborador de longa data de PJ Harvey, é uma introspectiva e delicada viagem pelo universo da folk, da pop sonhadora e do spoken word, invocando o legado de lendas como Nick Cave ou Jeff Buckley. Contudo, é a sua voz sublime que verdadeiramente se destaca: doce, sedutora, mas também melancólica e frágil; uma voz que tanto arrepia como relaxa e cuja emoção traz à memória nomes como Hope Sandoval ou Stina Nordenstam.

Além disso, a postura em palco da cantora/compositora natural de Beirute também merece ser mencionada, tendo contribuído para a criação de um ambiente envolvente. Nadine, que se apresentou nesta noite com uma violinista e uma percussionista, mostrou-se algo tímida mas extremamente afável, comunicando carinhosamente com a audiência ao mesmo tempo que mantinha uma certa distância, como se necessitasse de se refugiar num mundo só seu de forma a conseguir transmitir as suas experiências e sensações. Nesse sentido, a atmosfera intimista que caracteriza o Maus Hábitos teve um papel crucial no sucesso desta noite, num exemplo perfeito de como a escolha de sala é por vezes essencial para que um espectáculo se torne memorável.

Todavia, por mais elogios que sejam aqui tecidos, há igualmente arestas por limar, sentindo-se sobretudo que alguns temas de Nadine são mais cativantes do que outros. No entanto, o potencial que exibe leva-nos a crer que o futuro da senhora é brilhante e que daqui a uns anos será uma das mais criativas e influentes artistas da sua geração. Por agora temos um nome promissor que soube proporcionar um serão bastante agradável ao som de temas como “You Got a Fire”, “I Ran Thru the Dark (to the Beat of my Heart)”, “Broken Star” ou “Catapult”.

Na primeira parte, o folk ora melódico, ora enérgico de Junior Mackenzie originou uma actuação deveras competente onde o bom humor e a constante interacção com o público nunca deixaram de estar presentes. Sendo algo diferente daquilo que se seguiu, constituiu ainda assim um interessante aquecimento.