Reportagem Napalm Death no Porto
Deathrite
Não há quem aprecie música extrema que nunca tenha ouvido o nome Napalm Death, e quem já os ouviu conseguia certamente adivinhar a destruição que se avizinhava. Depois da passagem pelo Moital Metal Fest em Abril, Napalm Death voltaram à Península Ibérica para uma tour, com duas datas em Portugal.
A tempestade Ana, que de tão violenta mereceu denominação, parecia fazer antever a brutalidade dos concertos passados na sala 2 do Hard Club. O então domingo tempestuoso não demoveu os inúmeros fãs de formarem fila na entrada do edifício enquanto os Besta começavam as hostilidades no interior da sala. Apesar de tímido, o público mostrava-se recetivo à energia transmitida em palco pelo vocalista Paulo Rui, e com a música Planeta Terra Cancerígeno este soltou-se e a sala começou a movimentar-se.
Seguiu-se a surpresa da noite, os Deathrite. Oriundos da Alemanha, constroem um Death Metal com influências suecas, distorção de guitarra tipo motosserra, com mistura de algum black 'n' roll assemelhando-se a Entombed, a voz rasgada que lembra John Turdy dos Obituary, com algumas partes mais lentas, mas que de modo algum fazem perder a força ou o groove, pelo contrário. Logo com os primeiros riffs pesados a multidão começou a mexer-se e as cabeças começaram a abanar-se involuntariamente. Assim se vê como se agarra o público pelo som. Pela receção e adesão que tiveram, não parecia que era o primeiro concerto deles em Portugal.
Por fim, vieram os Napalm Death! E bastaram 10 segundos para este furacão invadir toda a sala. Num cenário quase apocalíptico podíamos ver pessoas a voar, saltando de cima do palco para o público, muitos cabelos e cabeças a abanar, empurrões... a violência transmitida pela música materializava-se naquela sala. Foi como se a tempestade Ana tivesse entrado no Hard Club.
Napalm Death apresentaram-se com John Cooke na guitarra, a substituir o mítico Mitch Harris. No geral a banda mostrava boa disposição e dialogava bastante com o público, no entanto destaca-se a energia do vocalista, Barney, que desde do inicio se deslocava constantemente de uma ponta para a outra do palco, alimentando a atmosfera frenética que se vivia na sala. Apesar de o som ter começado um pouco embrulhado, foi rapidamente ajustado e o concerto prosseguiu sem problemas. A atuação começou com a música Apex Predator - Easy Meat do último álbum da banda, seguindo-se a Silence is Deafening. A maioria das músicas ouvidas foram do último álbum, no entanto não deixaram de parte os êxitos como Scum, The Code Is Red...Long Live The Code, a tão especial You Suffer, entre outros. As breves pausas entre músicas foram aproveitadas pelo Barney para recuperar o folego e para falar das mensagens políticas que, para além de implícitas, desempenham um papel importante na música dos Napalm Death. Um dos momentos a destacar desta noite é certamente o cover dos Dead Kennedys, com a sala toda a gritar Nazi Punks Fuck Off.
Por entre um mar de mosh, onde o crowdsurf foi constante, era quase palpável a libertação de energia e de emoções contidas pelos presentes, e o sorriso coletivo de satisfação presenciado ao sair da sala é prova disto.
Saindo do Hard Club e com a chuva interrompida, no céu encontravam-se poucas, mas fugidias nuvens... a tempestade mexia-se agora para Lisboa.
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Organização:Hell Xis
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domingo, 07 janeiro 2018