Reportagem Negura Bunget no Porto

Com alguma chuva à mistura, a Cave 45 acolheu na passada terça-feira mais uma noite de peso na Invicta, com dois projectos internacionais dentro do espectro de metal menos tradicional. Os romenos Negură Bunget e os canadianos Ossific. Inseridos na tour do aniversário de uma década do célebre álbum Om.

O serão começou precisamente com os canadianos. Que de uma maneira ou de outra tentaram misturar o típico som do black metal mais rígido, rasgado com sonoridades e paisagens de um registo claramente “post-roquiano”. Com alguma competência, porém, prejudicados pela falta de coerência entre as ideias, a imagem não se transpôs completamente. No seu melhor funcionavam nos grandes picos de intensidade, quando somente a guitarra regia o compasso ao lado de uma batida lenta e densa na bateria.

Certamente uma banda ainda em evolução a procura do seu som. No espaço de meia hora tentam dinamizar o ambiente com passagens mais etéreas e outras mais agressivas, no entanto sem chegar a um consenso claro.

Sejamos francos, os Negură já não são o que eram. Depois de ocorrerem várias transformações no núcleo da banda a principal veia criativa foi claramente destruída. No entanto, a chama não se apagou e algures no meio ainda existe uma réstia do que outrora foram. E verdade seja dita, com esta formação mais recente conseguem recriar alguma da intensidade mas pecam pela falta de intimismo e de algum desgaste na fórmula e na sua abordagem.

A interpretação das fantásticas Norilor e Țesarul de lumini certamente foram dos pontos altos da actuação. Que teve um bom equilíbrio entre os temas novos do álbum Zi e os clássicos do aclamado Om. E pelo consenso do pouco público que esteve presente a noite valeu por essas mesmas amostras do repertório clássico dos Negură. Em suma uma noite que valeu para relembrar o passado de uma banda emblemática no panorama musical Romeno.