Reportagem Nightwish em Lisboa
Foi o terceiro concerto dos Nightwish em Portugal e também mais uma prova que testemunha a popularidade transversal da banda. Com uma plateia muito bem composta, a mesma impressionava para além da sua dimensão: a extrema diversidade etária deste grupo de pessoas faz-nos pensar no que pode existir nesta banda finlandesa de metal que seja tão cativante a um nível inter-geracional. Algo que se torna especialmente interessante quando se consideram os estereótipos que existem quer face aos fãs deste género de música, quer face às próprias canções.
O que parece acontecer com o caso particular da música dos Nightwish, é, especialmente desde “Century Child” (2002), uma certa mestria no domínio da escrita de melodias, refrães e momento orquestrais, cujo apelo é quase irresistível. Após uma introdução ao som de “Roll Tide” de Hans Zimmer, os Nightwish sobem a palco para um espetáculo que vem promover o mais recente álbum da banda. “Endless Forms Most Beautiful” (2015) é o 8º disco de originais e dá continuidade ao som que desde “Once” (2005) parece ter ganho uma prevalência maior nas canções do grupo. Um sentido épico e dramático, quase cinematográfico que se socorre da orquestra e das guitarras para garantir um teor cénico agressivo, mas raramente extremo.
Ao longo de duas horas, o público português assistiu a um alinhamento que salienta alguns dos álbuns mais recentes da banda, mas que não teme recuperar momentos que ao pertencerem a um passado quase mitológico, garantem a aclamação por parte dos fãs de longa data. Uma menção especial para abalada luminosa que é “Sleeping Sun”, e também para o recordar do período já distante em que o powermetal era influência nos Nightwish – aqui lembrado com “Stargazers”. Em palco, continuamos a falar das figuras mais amigáveis dentro da cena metal. Em particular, Tuomas surge quase como mestre de um espetáculo que é de facto seu, Emppu e Marco protagonizam sempre as interações mais informais com a plateia, e Floor Jansen (a 3ª vocalista principal que a banda já teve) é recebida sem reservas por um público bem mais caloroso do que aquele que em 2008 recebia, neste mesmo espaço, Anette Olzon.
Ainda sobre o alinhamento, é possível confirmar que os Nightwish perderam o receio em assumir as suas composições mais extensas e teatrais como uma das suas não só vantagens, como característica identitária. “The Poet and the Pendullum”, “Ghost Love Score” e porções de “The Greatest Show on Earth” são executadas de peito cheio por uma banda que visivelmente aprecia o momento de concerto tanto como os fãs que, apesar de pouco agitados esta noite, souberam deixar claro a admiração sentida com aplausos fortes. E se falamos aqui de um género de música que já não tem atualmente a popularidade de outrora, a maneira como os Nightwish continuam a cativar fãs numerosos como os que acorreram à sala lisboeta, é quase mote para caso de estudo.
Irrepreensível em termos vocais, Floor Jansen é a vocalista que após a saída de Tarja em 2005, muitos queriam ver à frente dos Nightwish – não só pela voz que opera, mas também pela empatia e gosto genuíno pela atuação em palco. Os resultados são flagrantes, com uma energia em palco partilhada por todos os membros da banda, e que facilmente cativou a plateia neste noite.
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Organização:Prime Artists
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sexta-feira, 22 novembro 2024