Reportagem No Use for a Name em Lisboa
Passaram dois anos desde a última passagem dos No Use for a Name por Portugal. Na altura, The Feel Good Record of the Year ainda era uma novidade para quem os assistia na Caixa Económica Operária. Agora, a nova sala TMN ao Vivo recebeu-os, novamente, de braços abertos.
A aquecer as hostes, chegaram os Twelve 2 Go, a jogar em casa para um público bastante tímido que se foi soltando ao longo do set dos alfacinhas.
Ainda bastante tenros, atitude não lhes faltou. As tentativas de juntar uma mancha gráfica em frente ao palco, acabaram por ser bem sucedidas, e a sala juntou-se aos pés do quarteto para "Fight Back!", "Friday Night" ou "Conspiracy", a única que para já disponibilizam na sua página.
Hardcore melódico não será o mais indicada para descrever os No Use for a Name, mas o certo é que o concerto foi carregado, de baterias constantemente aceleradas e guitarras precisas, dentro do que o estilo permite. A banda que nasceu quase ao mesmo tempo que nós (que escrevemos), chegou desta vez até Lisboa com um novo baterista.
A dar início a uma noite de suor e cerveja no ar, ouviu-se "Not Your Savior" e "I Want to Be Wrong". Havia quem já soubesse, mas os californianos contaram ao longo do concerto que o seu autocarro havia sido assaltado em Lisboa, insistindo com o público para que comprassem mais merchandising que normalmente, para lhes cobrir a despesa. A partir daqui, conseguimos perceber o entusiasmo algo forçado dos quatro, que nunca se deixou cair na arrogância. Sempre com a disposição que a situação permitia, "Angela", "Coming Too Close" e "Rainbows" juntavam-se ao alinhamento dos punk rockers. Matt Riddle, actual baixista, era o mais imparável, chegando o baixo à cara da primeira fila enquanto o dedilhava com bastante sabedoria.
Ao longo de uma setlist bastante extensa, houve tempo para uma viagem pela discografia da banda que não se cansa de voltar a Portugal. "6 Degrees from Misty", "A Postcard Would Be Nice" e "Why Doesn't Anybody Like Me?" eram marcadas pela voz do público, que, incansavelmente, subia ao palco, abraçava os músicos e mergulhava num mar de gente, para depois voltar a subir e a repetir tudo de novo. "Justified Black Eye" não foi, com certeza, propositadamente escolhida para a violência com que o roadie da banda levou com a cabeça da guitarra de Tony Sly. A sangrar da boca, abandonou o palco e por momentos se fez algum silêncio preocupado – antes de se continuar a pedir que tocassem mais. "It's punk rock, get used to it!", alguém gritou. Não deixa de ser verdade, mas os NUFAN não arrancaram enquanto não viram que o acidente não tinha acabado em algo mais grave. Confirmado tal facto, siga a festa. "Straight from the Jacket" e a tão conhecida "International You Day" vieram já no final duma noite calorosa.
Mas claro, Lisboa não é de e ficar, e no encore, Sly regressa com a guitarra acústica em punho para "Let Me Down", antes de o resto da banda entrar para "Biggest Lie". À despedida, o roadie agredido pega agora na arma do crime e junta-se ao quarteto para arranhar "Feeding the Fire", possivelmente dos momentos mais altos do concerto.
Abandonaram então o pequeno palco do TMN ao Vivo, agradecendo a presença daqueles que, mais uma vez, regressaram a um concerto de No Use for a Name - por mais vezes que eles venham, nunca hão-de encontrar uma sala vazia
Não sabemos se o seu autocarro de janelas partidas ficou pago com o "merch" que compramos, mas esperamos que seja suficiente para pagar mais um regresso.
E afinal, é punk rock