Reportagem PJ Harvey - Aula Magna
Por duas noite, Polly Jean apresentou-se aos lisboetas, na Aula Magna. Duas noites lotadas e justificada pelo espectáculo incrível da britânica, agora mais amadurecida e aparentemente mais calma.
Deu entrada no palco escuro, encortinada num vestido rosa que foi uma das peças mais evidentes no ambiente quase poético do palco. Sempre distanciada fisicamente do resto da banda, PJ Harvey dedilhava a sua cítara, iluminada por uma foco directo de luz que lhe encandeava meio corpo. Com ela, trouxe o último Let England Shake, apesar de o seu repertório ter ficado bem representado ao longo das duas noites.
Durante The Devil, era inevitável a pele de galinha enquanto PJ se passeava pelo palco exibindo uma voz como nenhuma outra. Momentos como este iam-se repetindo ao longo do concerto, como de resto acontece com a audição dos albuns.
The Sky Lit Up e Let England Shake deixaram-na mostrar os seus dotes de guitarra, enquanto durante The Pocket Knife acompanhava a banda – invejável, diga-se - com o bater dos pés e a deambulação pelo palco. Sempre à esquerda, nunca se chegando aos companheiros de viagem, ou enteragindo com o público (apesar dos pedidos), tudo isto deu solidez à actuação, e evidenciou a sua maneira de estar num palco.
Bitter Branches deu espaço a que uma das vozes masculinas do trio acompanhasse a voz doce de Polly, cujos agudos atingiram o pico durante On the Battleship Hill. O ambiente quase teatral, com os armários a suportarem os teclados e a fazerem cenário (descompensado pelo fundo) teve outro alento durante Down by the Water, com os coros e ecos da banda.
A cítara voltou a entrar em cena para C'mon Billy e despedem-se com Colour of the Earth, aplaudidos por uma plateia em pé, mais que composta e bastante paciente. O encore demorou, mas chegou em força e voltou a ser o momento mais bonito da noite. PJ regressa ao palco arrastando o seu vestido de forma elegante e dá início a The Piano, seguida de Angelene, bem encorpadas, mas nada como Silence para terminar um concerto em tudo perfeito, e os arrepios voltavam.
Será que é possível não ficar com lágrimas nos olhos durante esta performance?
Duas noites pareceram pouco para o que queríamos ouvir.
She definetly let us shake.