Reportagem Parkway Drive - Lisboa
Na noite gélida de 28 de Novembro, o Santiago Alquimista viu-se com tempo de Verão quando os Australianos Parkway Drive foram chamados pela Xuxa Jurássica, organizadora clássica de alguns dos maiores concertos de hardcore em Portugal. Horas antes, já se fazia fila à porta, por espanhóis e pessoas de longe, que não quiseram perder a data única da banda no nosso país.
Para a recepção, foram chamados os Don’t Disturb My Circles, banda nativa, com EP distinguido como um dos melhores do ano que passou. Apesar da sala já bem cheia, e à partida plantada aos pés do palco do Santiago (que hoje, ao contrário do que é habitual, se via mais elevado, servindo também como barreira entre o público e as bandas) os lisboetas não conseguiram arrancar gotas de suor.
O mesmo não se pode dizer dos Reality Slap. Quem já os viu sabe que é impossível sair intacto. 1000 Faces e Breakin’ Out, já na ponta da língua de tantos presentes (bem como tantas outras, senão todas, de “My Brother Evil”) não deixaram ninguém quieto, deixaram muitos já descalços e com camisolas rasgadas. Crowdsurf e wall of death foi ordem, tanto para o público com para a banda que conta sempre com fãs mascarados (desta vez de V for Vendetta).
Apagam-se as luzes e começa a fazer-se a chamada aos australianos. Os Parkway Drive são recebidos de forma calorosa, pelos portugueses ainda eufóricos com os concertos de abertura. Jeff Ling apresenta-se com a t-shirt da excelsa Epitaph, editora que os acompanha quase desde o início e guitarra à metaleiro. Enquanto Winston McCall convivia com os lisboetas suados, os 3 donos das cortas corriam atrás uns dos outros em tom de brincadeira, como se Idols and Anchors, Smoke ‘em if Ya Got ‘em ou Dead Man’s Chest fosse para brincar. Por entre largos elogios desde o início do concerto, considerado pelo vocalista como um dos melhores de sempre, Deliver Me e Home is for the Heartless (que conta originalmente com a participação do frontman dos Bad Religion) do recém-lançado "Deep Blue", levaram à histeria. Os crowdsurfs incitados eram religiosamente respeitados, tornando o palco, na verdade, num estorvo. Saltos da varanda, roubos de microfones e moshpits fizeram prometer uma grande noite de hardcore.
The Siren’s Song, Gimme A D e a tão pedida Set to Destroy marcaram presença para uma despedida de um concerto pequeno e sem surpresas, estado puro de familiaridade entre os Parkway Drive e Portugal.
Evidentemente, ninguém estava ainda pronto para se fazer ao frio, e se outras bandas ouvem palmas e seu nome a ser gritado para encore, desta vez era apenas Carrion que se ouvia. Fizeram-nos a vontade e pouco depois despediram-se até uma próxima.
À saída, era indiscutível que tinha sido uma boa noite. Apesar dos maus tratos físicos implícitos neste tipo de concerto (e que em parte os tornam aquilo que são – uma valente descarga de energia), valeu com certeza a pena trocar o futebol pela música.
Portugal fica à espera do regresso prometido.