Reportagem Pop. 1280 no Porto

Foi na semana passada que os nova-iorquinos Pop.1280 estrearam-se em Portugal, numa mini-digressão pelo nosso país que terminou no Porto, mais precisamente no Understage - o sub-palco do emblemático teatro Rivoli. O espaço reveste-se de uma aura bastante intimista, bem underground, sendo perfeito para este tipo de concertos. Não se trata de um local convencional, mas é nesse carácter pouco ortodoxo que reside o seu encanto - uma imagem que descreve igualmente os Pop.1280.

Em promoção do mais recente “Paradise” (tendo também editado uma cassete intitulada “Pulse”), o quarteto lançou-se numa envolvente exploração sonora, onde o noise, o pós-punk obscuro e o industrial formam uma bela mas bizarra receita musical – uma mescla que revela influências de bandas como The Birthday Party, Suicide, Einstrzende Neubauten ou até Sonic Youth. No entanto, é curioso notar que não só de intensidade desenfreada vive o grupo, pois por trás do muro de distorção ensurdecedora que tão cuidadosamente constroem, existe um elemento introspectivo, uma faceta delicada que se manifesta no meio de uma postura orgulhosamente abrasiva e selvagem. È esse contraste que faz com que esta banda seja uma proposta tão interessante e que vê-la ao vivo constitua uma experiência muito curiosa, na medida em que tanto nos dá para abanar a cabeça como para viajar para outra realidade.

Ainda assim, os constantes apelos desta malta endiabrada de Brooklyn para que o público se aproximasse do palco deixaram claro o tom familiar que a noite era suposto ter: estávamos todos ali para curtir, juntos e relaxados. Foi o que fizemos ao som de malhas como “Pyramids on Mars” ou “Phantom Freighter”, e mesmo alguns problemas técnicos não afectaram a agradável atmosfera. Um bom concerto num bom espaço – podemos resumir assim.