Reportagem Porcupine Tree @ Incrível Almadense
Passado pouco mais de um ano, os Porcupine Tree regressaram ao Incrível Almadense, trazendo desta vez os norte-americanos Stick Men.
Estava já uma casa bem composta, quando os Stick Men começaram a actuar. Desconhecidos da maior parte do público apesar de não ser a sua primeira vez em terras lusas este ano, os virtuosos Tony Levin (baixista de King Crimson), Michael Bernier e Pat Mastelotto não levaram muito a conquistar o interesse do público. Tony e Michael surpreenderam muita gente, tocando Champman Sticks (instrumento que aliás Tony toca também nos King Crimson), uma espécie de híbrido entre guitarra e baixo. Os Stick Men foram mais que um aperitivo nesta noite, e conseguiram arrancar fortíssimos aplausos do público.
Apesar da grande actuação dos Stick Men, só os Porcupine Tree levaram o Incrível Almadense a encher para novo concerto em Almada. Desta vez o pretexto foi o novo álbum The Incident, e de que maneira. A banda de Steven Wilson resolveu dividir o concerto em duas partes distintas. Uma primeira dedicada ao novo álbum, e outra numa viagem por velhos êxitos. O concerto começou com a faixa introdutória Occam's Razor, entrando com The Blind House. The Incident teve boa aceitação por parte do público, mas levou a uma primeira parte com maior distanciamento entre banda e plateia quando comparada com a segunda, talvez por não se ter entranhado ainda nos ouvidos dos fãs.
Os Porcupine Tree dedicaram-se de corpo e alma a The Incident e só deixaram três músicas do álbum para trás. A verdade é que a primeira parte foi de grande qualidade e teve espaço ainda para terminar com músicas de Deadwing (Start Of Something Beautiful) e Lightbulb Sun (Russia On Ice). Entre as duas partes existiu um intervalo de dez minutos, com contagem decrescente no ecrã existente em palco que coordenava perfeitamente a voz de Wilson com as imagens que projectavam. Um intervalo que terá servido para aumentar ainda mais a expectativa entre os presentes, que contaram os últimos dez segundos do intervalo como se da descolagem de uma nave espacial se tratasse.
O quinteto inglês entrava novamente em palco, sob uma chuva de aplausos. E nesta segunda parte iriam quebrar todas as barreiras que pudessem existir, e criaram uma intimidade contagiante com o público. Os velhos êxitos deram espaço ao diálogo e à colaboração do público. Logo na segunda música da segunda parte, pôs-se à prova o público português com Lazarus e Strip The Soul, que foi das músicas mais aplaudidas ao longo de todo o concerto. Com Way Out Of Here os Porcupine Tree despediam-se de Almada, mas os britânicos tinham ainda dois coelhos na cartola. The Sound Of Muzak e Trains deram o melhor final de concerto que se poderia desejar para esta actuação. Letras sabidas de cor entoadas por um público devoto e incansável. Trains, espremida até à última gota, num concerto de mais de duas horas, incluiu truques de magia do baterista e a apresentação dos membros com algumas piadas pelo meio.
Os Porcupine Tree são provavelmente das bandas mais coordenadas entre si do momento. Gavin Harrison mostrou na bateria porque tem tantos fãs, deixando sobressair a sua qualidade, não só nos espectaculares pormenores, mas também na perfeição a marcar o ritmo com ajuda preciosa de Colin Edwin no baixo. Richard Barbieri no sintetizador e teclados esteve também ele impecável, e John Wesley é uma peça-chave na formação da banda ao vivo.
Ninguém saiu defraudado nas suas expectativas, depois de ver um concerto que foi à prova de falha, pleno de harmonia, ritmo e intimista ao máximo.