Reportagem Port O'Brien
Neste início de noite de quinta-feira, quem entrasse no Santiago Alquimista não poderia julgar que iria decorrer algo tão interessante. Os poucos que chegavam e se acomodavam pelas cadeiras acharam impossível não reparar no órgão que se fazia acompanhar de um trompete que jazia descansadamente ao seu lado.
Esse trompete, e órgão, pertenciam ao seu compositor Cory Gray, trompetista da cantora-compositora Laura Gibson e mentor do projecto Carcrashlander, que tinha a oportunidade de, timidamente, preludiar o concerto.
Trazendo na bagagem o seu mais recente trabalho “Where to Swim”, fez a sua apresentação com o tema Overgrown. Embora o registo ao vivo e a solo, seja muito diferente do trabalho divulgado em álbum, a sensação que transmitiu foi a ideia de uma conversa acesa entre um Philip Glass e um Yann Tiersen, num bar em Nova Orleães. A linha de piano distorcida acompanhada de um trompete jazzístico tornou-se o mote da noite para este artista, que a julgar pela atenção que despoletou, de certo recebeu o selo de aprovação dos poucos, mas suficientes, espectadores.
Foi já pelas 22h40, que os anfitriões da próxima hora e meia, Port O’Brien, entraram em palco. Esta relaxada banda norte-americana que funde, e bem, os géneros indie-rock e folk foi fundada por Van Pierszalowski e Cambria Goodwin, trazendo consigo 3 álbuns e 2 Ep’s. Apresentou-se da forma mais expedita possível: um misto de descontracção e espontaneidade. Sentindo-se entre amigos, foi com Don’t take my advice do álbum "All we could do was sing" que deram as boas vindas aos poucos, mas animados espectadores, e ainda tiveram tempo para esclarecer um episódio, aos seus olhos, sórdido, passado no castelo relacionado com “assuntos de faculdade”, justificação que não lhes satisfez a curiosidade.
Oslo Campfire foi a escolhida para apresentar o mais recente álbum "Threadbare" e serviu para, novamente, o vocalista Van Pierszalowski intervir em nome da banda para quebrar o gelo que existia entre a reduzida assistência e a mesma. E fê-lo bem, pois não muito tempo depois a sensação era que os presentes estavam numa qualquer sala de ensaios a simplesmente “passarem um bom bocado”. Em seguida viajou-se pelos terrenos de Fisherman’s son, Sour milk/Salt walter e Love me Through. Nesta fase, todas as pessoas se aproximaram o mais perto possível do palco, e era impossível não esboçar um sorriso pelo nível de intimidade que tinha sido conseguido entre banda e público.
Com esta fusão entre desconhecidos veio Stuck on boat e ainda se teve tempo para visitar o "Winter EP" com Is this really what it’s come to. Com I Woke Up Today a banda, num ímpeto de diversão e ligação com o público, sugeriu que todos subissem para o palco juntando-se à banda e gritando com toda a força que tivessem. Cerca de 15 pessoas cantaram e dançaram com os norte-americanos e não se podia negar que todos estavam contentes, banda e os seus “novos e efémeros” membros. Missão Cumprida.
Por fim, e em tom de doce despedida Van Pierszalowski, convidou a amiga Laura Gibson para interpretar um dueto, e foi com este Will you be there que se colocou a cereja no topo de bolo. Sem dúvida a melhor forma de regalar os presentes depois do empenho prestado, em pulos, êxtase e harmonia.