Reportagem Preoccupations no Porto

Em 2015, os então Viet Cong lançavam o seu primeiro e homonómico álbum. Um álbum poderoso, que mostrava toda a amplitude sonora do seu Post-Punk. Era elétrico até ao osso, apresentava uma garra Punk e uma falta de medo de embrulhar o seu som em pedais, tornando o álbum numa aventura lo-fi psicadélica, carregado daquele sentimento in your face. Era um som distinto, e isso acabou por os tornar como uma das bandas essenciais não só do panorama Post-Punk, mas de todo o panorama musical.

Quatro anos depois desse álbum, e agora com o nome de Preoccupations, os canadianos visitam o Porto, para apresentar o seu mais recente New Material, no entanto só ao terceiro tema tivemos um cheiro do som mais maquinal, negro e dançante que marca o novo som da banda. “Espionage”, entrou potente e não baixou o ritmo frenético que “Newspaper Spoons” e “Continual Shelf” imprimiram ao início do concerto. Seguiu-se uma nova passagem pelo álbum de estreia em “Silhouettes”, um tema marcante que foi recebido com êxtase pelo público. Foi uma entrada perfeita que agarrou o público e nunca o mais largou. Foi intenso, foi destemido e mostrou na perfeição o que iria ser o concerto dos Preoccupations. Uma longa viagem sonora de cariz lo-fi, que nos engolia tema a tema.

Em palco, a banda continua a ser uma máquina de eletricidade que nunca tira o pé do acelerador, não havia pausas para comunicar com o público nem se faziam acompanhar por grandes movimentos corporais. Matt Flegel, o vocalista e baixista do grupo, inclusive passava grande parte do concerto de olhos fechados, não vendo as reacções do público que em contraste iam se movendo ao ritmo do lado mais dançantes de “Antidote” ou “Decompose”.

Já próximo do fim do concerto a banda volta a nos dar o seu lado aguerrido e psicadélico com “Bunker Buster”, uma autêntica odisseia de controlo de ritmo e ruído, que atingiu o público como ainda nenhum o tinha feito. Um tema dilacerante, musculado, expandido que marcou o concerto até o seu termino com “Death”, o culminar apoteótico da viagem ininterrupta que é um concerto dos Preoccupations. São claramente um dos melhores live acts do momento do universo Post-Punk, e mostraram num concerto que foi um autêntico túnel de som, onde nunca se respira, nem se perde a intensidade, o porque de serem uma das bandas mais essências da atualidade.