Reportagem Quelle Dead Gazelle no Porto

Depois do EP, lançado em 2013, os Quelle Dead Gazelle passaram pelo Maus Hábitos com o objectivo de apresentar o álbum de estreia intitulado “Maus Lençóis”. Infelizmente, o público presente era pouco, mas nem por isso a noite deixou de ser especial. Aqueles que decidiram sair de casa e apoiar este duo foram recompensados com uma memorável sessão de rock, onde Pedro Ferreira e Miguel Abelaira mostraram estar em excelente forma e com imensa vontade de tocar – não há como negar que a garra que exibiram neste concerto foi claramente uma libertação de paixão, um manifesto de vitalidade. Goste-se ou não daquilo que fazem, os Quelle Dead Gazelle são actualmente uma das melhores bandas ao vivo em Portugal, sendo que o bom som que tiveram nesta ocasião também ajudou, já que pudemos, por exemplo, ouvir com total clareza a pujante bateria de Miguel Abelaira e apreciar a sua destreza e criatividade.

O setlist, como já era de esperar, incidiu no disco acabado de ser lançado, e a verdade é que se trata de uma obra perfeita para ser interpretada ao vivo, sentindo-se que as composições ficam ainda mais poderosas. Tal efeito acaba por não ser tão surpreendente se pensarmos que estamos perante um álbum bastante mais directo, onde as músicas percorrem menos atalhos até chegarem ao seu caminho, apesar de estarmos a falar de uma banda que navega pelo math rock de forma ambiciosa, aventureira e multicultural (sentimos uma atmosfera africana em diversos momentos) e que fez questão de prolongar a duração dos temas que tocou. Todavia, ao escutarmos novidades como”Abismo”, “ Vaca Fria” ou o single “Pedra-Pomes”, sentimos que realmente os Quelle Dead Gazelle conseguiram simplificar a fórmula sem perderem a sua identidade experimental, e que estão muito mais coesos a todos os níveis. Este foi, sem dúvida alguma, um grande concerto de rock, repleto de emoção, energia e que contou igualmente com a dança de um aniversariante que subiu ao palco, ajudando a animar uma festa que já estava bem divertida.

No final, terminando a actuação com “Afrobrita”, o grupo provou que está a atravessar uma fase muito positiva, restando esperar que mais pessoas os acompanhem nesta bonita viagem… eles bem merecem.