Reportagem Radio Moscow no Porto

Nesta última quarta-feira, dia 30 de janeiro, o Hard Club abriu portas aos ALTO! e Radio Moscow. Bem, escancararam as portas para ser mais preciso, dada a enorme procura de bilhetes que obrigou a trocar o concerto para a Sala 1.

Os barcelenses ALTO!, 40% Black Bombaim + 40% ex-Green Machine + Tiago Silva no baixo, sacudiram o pó ao palco o melhor que puderam, com as histórias dos passeios do João Pimenta que lhe serviram de musa quando precisou de dar substância ao novo álbum. O rock com travos de psicadelismo (não fossem os primeiros 40% do grupo indício suficiente) trazido pelo quinteto foi um moodsetter mais que adequado para as cerca de 800 pessoas que acorreram ao Mercado Ferreira Borges para ver (sejamos honestos) Radio Moscow, cuja última passagem por Portugal no Verão passado lhes valeu mais um Galo de Barcelos carimbado no passaporte.

A sala já estava quente quando o trio encabeçado por Parker Griggs tomou as armas, e deixo desde já a ressalva que é um esforço inglório tentar descrever, mesmo que apenas aproximadamente, o ambience pincelado naquele quarto escuro enorme, onde o pó sacudido pelos ALTO! não voltou a assentar até bem depois do final do espectáculo que não ficou muito aquém das duas horas.
A atmosfera estava densa e quente, o cenário hipnótico, devido não apenas à excelência da secção rítmica da banda (ainda com relativamente pouco tempo na formação) por cima da qual Griggs “desbundou” (passo o plebeísmo) quanto havia naquela guitarra, mas também graças à participação do Mad Alchemist, artista responsável pelas projecções à la 60’s em tempo real. Para quem não sabe, aquele velhinho que parecia o Pai Natal no emprego de Verão encostado ao canto direito do palco, já partilhou palcos com o Roky Erickson.

Enfim, podia desbaratar linhas e linhas quanto às sonoridades das quais os Radio Moscow se aproximam, mas isso não acrescentaria nada à experiência de quem viu, nem daria qualquer ideia minimamente fiel a quem não conhece; fico-me dizendo que foi o melhor dos concertos da banda que já vi e recomendam-se carradas e carradas de remorsos a quem podia ter ido e não foi.