Reportagem Rise Against - Lisboa
Num abrasador 6 de Julho, o Coliseu abriu as portas para um espectáculo intensamente esperado. Rise Against eram o nome principal e Fitacola a banda de abertura.
Às 21h em ponto, o grupo português pisou o palco sob uma chuva de aplausos e gritos entusiásticos do nome da banda. Seguiu-se meia hora de alguns moshpits, saltos e muitas palmas. Mas eram os Rise Against por quem o público aguardava. É inegável o grande número de fãs que existe em Portugal: até o vocalista dos Fitacola confessou já ter o bilhete comprado quando lhe ligaram a fim de lhe propor a actuação na primeira parte.
O número de presentes crescia. Os Rise Against não conseguiram encher o recinto, mas estiveram perto. Pelas 22h, as luzes apagaram-se e o Coliseu (pelo menos a parte que estava sentada a guardar e recuperar energias) levantou-se e a euforia tomou conta do espaço. Corpos semi-nus abriam caminho para chegar à frente, onde o calor se tornava quase insuportável. Aplausos e palmas receberam a banda de Chicago, que já puxava pelo público, aos saltos.
Passaram-se 7 anos. É demasiado tempo, afirmou o vocalista Tim McIlrath. Apesar disso, Portugal não foi esquecido pela banda, assegurou. Desde a primeira e última vez em Portugal, em 2003, os fãs passaram por mais três álbuns que certamente contavam ver ao vivo. E assim foi, já que não houve qualquer vestígio do álbum de estreia de 2001, The Unraveling.
Collapse (Post-Amerika) fez as honras. O público reorganizava-se e por toda a parte se viam grupos de amigos a dançar, com uma alegria e energia contagiantes. State of the Union acelerou o ritmo ainda mais. Tim apanhou uma bandeira portuguesa em pleno voo, que colocou na guitarra, onde permaneceu até ao final. A empatia entre banda e público era evidente. Re-Education (Through Labor), a seguinte, foi uma entre muitas favoritas que se lhe seguiriam.
Espalhados pela plateia em pé e pelas bancadas laterais (quase cheias), os fãs entoavam as letras sem falhas e agitavam os punhos no ar. Gritavam “Rise”, a pedido da banda, após uma estimulante The Good Left Undone. Enquanto t-shirts voavam pela audiência, os moshpits não cessavam e os crowdsurfings abundavam, Zach Blair apresentou breves solos de guitarra capazes de contagiar qualquer um, como foi o caso durante Drones.
Audience of One foi dedicada ao público mas seria Savior uma das protagonistas. A letra não falhou a ninguém e as bancadas esvaziaram um bocadinho, numa espécie de êxodo cujo destino era o centro do recinto. Feliz por voltar a Portugal, Tim expressou a admiração da banda relativamente ao historicismo da cidade lisboeta, em oposição à falta do mesmo na sua cidade. O desagrado perante as centenas de McDonald’s e Starbucks por ela espalhados era evidente e o facto de a nossa história ter sobrevivido encantava-o. E foi mesmo Surviver que seguiu na lista.
Prayer of The Refugee assinalou outro ponto alto, antes de um breve encore. O Coliseu tremia e abanava debaixo de centenas de pés aos saltos e palmas vigorosas, mas por momentos pareceu transformar-se num estádio, recheado de cânticos em homenagem ao Benfica. Gostos e clichés culturais postos de lado, a audiência recebeu de novo Tim, desta vez sozinho. O vocalista cantou Swing Life Away – que lhe trazia recordações de Verão – perante um mar de corpos que balouçavam ao som da música, com isqueiros a acompanhar aqui e ali. O tom mais calmo do concerto manteve-se com Hero of War – durante a qual os restantes membros entraram – interpretada com uma emoção que se fez sentir em todos e cada um dos presentes.
Antes de Entertainment, Tim agradeceu a todos os que ali se encontravam, a toda a lealdade ali demonstrada, sobretudo no cartaz gigante colocado nas grades em frente ao palco, com a frase "We'll never fall if we stand for something" (parte da Long Forgotten Sons). O tema acelerou a multidão, mas foi Give it All que voltou a atingir novos picos de energia. Foi então que os primeiros tons da última música se fizeram ouvir. Ready to Fall entrou em cena sob luzes laranjas, em jeito de pôr-do-sol para um concerto que chegava ao fim.
Rise Against conseguiram esgotar saltos, assobios, gritos e aplausos e a promessa de um encontro em breve foi proferida por Tim.