Reportagem Rod Stewart em Lisboa

Rod dá um pontapé de saída para uma noite memorável.

Uma manobra que à primeira vista parece claramente “à portuguesa” mas que foi um pedido especial de Rod Stewart para a organização do evento ao adiar o início do concerto para a hora de final do jogo da seleção portuguesa acabou por ser uma boa aposta que resultou em casa cheia a assistir à entrada de Portugal na final do Europeu e à entrada de umas maiores personalidades musicais reconhecidas do universo em palco. Claramente em tom de festa, felicitando os portugueses, que erguiam cachecóis na plateia pelo resultado futebolístico, Rod é apresentado por um genial grupo de músicos que trazem o Meo Arena ao rubro. Num pavilhão recentemente renovado com melhorias acústicas, toda a plateia que era constituída por lugares sentados se colocou de pé e dançou ao ritmo de “Having a Party”. “Let’s beat the germans in the final” – dizia Rod Stewart apelando ao “paladar futebolístico” da multidão portuguesa – terminando com as palavras “tonight is the night” – proferindo enquanto tirava o casaco e se dispunha num clássico “dancing shoes mode” – onde os sapatos não eram de dança, mas sim clássicos ténis Puma pretos de futebol de salão.

As felicitações aos portugueses no Euro continuaram enquanto, inclusive, Rod ergue a bandeira portuguesa ao alto enquanto atrás os ecrãs leds traziam imagens que acompanhavam as músicas com capas de álbuns ou mesmo uma referência de Rod ao pai em “Can’t Stop Me Now” – com alusões à sua infância e raízes escocesas.

“Forever Young” ou “Sweet Little Rock N’ Roller” foram mais alguns dos temas que se fizeram ouvir nos primeiros 40 minutos de concerto, acompanhados pelos brilhantes acompanhamentos de violino, saxofone e por dois guitarristas que perfizeram o destaque na sonoridade do concerto desta noite de Meo Arena.

Mesmo antes do final da primeira parte do concerto, ao som de “Stay with me”, das laterais do palco surgem para as mãos de Rod Stewart bolas de futebol do Euro 2016 autografadas pelo próprio e distribuídas pelo público com pontapés que podiam ser de baliza ou passes mais subtis para as primeiras filas do Meo Arena, voltando mais uma vez a destacar o gosto pela modalidade e deixando uns quantos fãs contentes.

A segunda parte do concerto ficou marcada pela série de temas tocados em formato acústico, logo a seguir a “Maggie May” – onde Rod passeava repleto de energia pelo palco e puxava pela multidão dançante que não resistia a estar de pé. Rod dizia ao público português que aproveitasse para desfrutar, sentar, e ouvir. “You payed a lot for those seats.” – dizia em tom de brincadeira, levando a um momento acústico não tão “dançante” mas sem nunca deixar de ser vibrante. “Talk About it”, “You’re in My Heart”, “Oh la la” ou numa das quais o público mais gostou de acompanhar em coro o artista de 71 anos: “The First Cut is The Deepest” – estes foram alguns dos temas acústicos acompanhados pela guitarra, contrabaixo, pelos brilhantes solos de saxofone, e mesmo com harpa em alguns apontamentos musicais.

Chegado à reta final, Di Reed, uma das cantoras que acompanha o coro de Rod Stewart nesta tour, toma posse do microfone ao som de “Young Hearts Run Free” enquanto Rod sai do palco por uns momentos. Não tardou muito, após mais alguns temas já na voz de Rod, e as cortinas descem. O público grita pelo encore e as cortinas sobem um pouco para nos depararmos com os músicos e vocalista todos deitados no chão. Cansados? Se assim o era a recuperação foi rápida e fervorosa: um dos temas mais aguardados fecha a noite no Meo Arena: “Do you think i’m sexy?” Um céu de balões coloridos invade a Arena e o fundo do palco continua “pintado” por um manto virtual nos ecrãs gigantes. Rod encerra uma fantástica noite de casa cheia no maior recinto fechado da capital e deixa claro que sim, ainda consegue ser sexy: nos movimentos, na singularidade que o distingue, e na voz – rouca, poderosa e única. Terminou, mas deixou um público sedento por mais um regresso ao palco que acabou por não acontecer. “Good luck, Portugal!” Foram as últimas palavras de Rod Stewart alusivas ao apoio à seleção portuguesa para o jogo da final do dia 10 de julho.