Reportagem Savages no Hardclub
Foi perante um Hard Club lotado que as Savages regressaram à Invicta, depois de terem feito história na edição de 2013 do Optimus Primavera Sound com uma das actuações mais explosivas do festival.
Não deixa de ser notável a fama que já alcançaram em tão pouco tempo e apenas com um álbum de originais, mas a verdade é que “Silence Yourself ” possui todos os ingredientes para uma receita de sucesso: Pós-punk enérgico e cativante, inspirado no legado dos Joy Division e dos Siouxsie & the Banshees, mas que não soa exageradamente revivalista; muito pelo contrário, é uma obra actual e refrescante. Mas não é somente em estúdio que o quarteto feminino dá cartas: as suas performances apaixonadas contribuem igualmente para uma boa reputação, sendo que aqui temos que destacar a presença da vocalista Jenny Beth – mais do que uma cara bonita, a cantora é dona de uma voz possante e também uma personagem extremamente carismática. Há momentos onde temos dificuldade em deixar de olhar para a menina, sobretudo quando a mesma começa a dançar de forma semelhante à do lendário Ian Curtis (dos Joy Division).
Contudo, não só de Jenny Beth vivem as Savages, pois a nível instrumental o colectivo está bem servido: Gemma Thompson utiliza as seis cordas da sua guitarra para produzir sons ora melódicos, ora experimentais, ao passo que a secção rítmica formada pela baixista Ayse Hassan e pela baterista Fay Milton constitui uma máquina bem oleada. È precisamente essa junção de talentos que origina o nível de coesão observado nesta segunda passagem da banda pelo norte do país, onde provaram que não são o futuro, mas sim o presente. È certo que a carreira ainda é curta; contudo, estamos perante um daqueles casos onde o céu é o limite.
De resto, temas como “ Shut Up”, “I Am Here” ou “Fuckers” encantaram o público, assim como a brilhante cover da música “Dream Baby Dream”, dos Suicide. O clima foi de festa, emoção e muito suor – não se estivesse numa sala tão fechada e com tanta gente lá metida. Após assistirmos a uma noite como esta, há que considerar a possibilidade do futuro do rock passar pelas Savages, pois há claramente algo de especial nelas – que não se prende com o facto de serem mulheres, mas sim com a sessão de pura energia crua que proporcionam.
Na primeira parte, tivemos o duo australiano A Dead Forest Index, formado pelos irmãos Adam e Sam Sherry. Apesar de alguns problemas técnicos, conseguiram convencer a plateia com o seu indie rock de cariz introspectivo e sonhador. Com base no que vimos, espera-se muito destes senhores.
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sábado, 20 dezembro 2014