Reportagem Scorpions em Oeiras
Os Scorpions não são uma novidade por terras portuguesas, tendo passado pelo nosso País por diversas ocasiões durante o seu longo percurso. Ainda no ano passado atuaram no festival Marés Vivas, e este evento The Monsters of Rock, que na noite anterior trouxe os também ilustres Kiss e Megadeth, marcou o regresso dos Scorpions a solo nacional. É importante referir que mesmo com o regresso dos Kiss a Portugal depois de trinta e cinco anos de ausência, num dia que tinha outro atrativo de peso, os Megadeth, o dia de Scorpions teve uma maior afluência. Nada de surpreendente, até porque a sonoridade da banda de Klaus Meine tem um apelo que vai para além dos fãs de rock ou música pesada.
Antes de assistir a mais um espetáculo dos alemães, o público teve oportunidade de ver, pela primeira vez, os The Dead Daisies. A banda é relativamente recente, foi formada em 2013, mas já conta com quatro álbuns de originais, tendo muito material na bagagem para apresentar aos portugueses. Não se pense que este coletivo é composto por novatos, porque conta com músicos muito experientes e que têm no currículo bandas do calibre de Mötley Crüe, Thin Lizzy, Whitesnake e Journey. Só por esse facto já seria interessante os fãs de rock estarem atentos ao concerto, mas os The Dead Daisies demonstraram, nesta noite, que não estavam ali nem para ser uma mera banda de suporte, nem para viverem à sombra do estatuto de super-projeto. Desde o início da performance que foi notória a perícia instrumental e a presença em palco da banda, cujo vocalista, interagiu diversas vezes com o público. Em troca, o grupo recebeu uma boa reação por parte de um público que estava ali obviamente para ver os gigantes Scorpions, mas que não se aborreceu perante a ótima atuação destes músicos. Temas como "Resurrected", "Make Some Noise", "Mexico" e "With You and I" deixaram seguramente uma boa impressão à secção mais rockeira presente no estádio, pelo que seria interessante verificar uma data dos The Dead Daisies em nome próprio, num local naturalmente mais pequeno.
"Going out with a Bang", primeiro tema de "Return to Forever", o mais recente álbum dos Scorpions, foi o escolhido para dar o ponto de partida da atuação da banda. À segunda música, o clássico "Make it Real", parecia que a voz de Klaus Meine estava a começar a ceder aos condicionalismos ditados pela idade, mas a partir do terceiro tema, "Is There Anybody There", percebeu-se que era falso alarme e que a mesma continuava intacta. Durante esse tema o vocalista germânico apontou algumas vezes o microfone para o público cantar. Na pesada "The Zoo" Klaus Meine tentou atirar várias baquetas para o golden circle, para contentamento do público da frente, sendo que faltou a força ao cantor, porque algumas delas não chegaram aos fãs e ficaram caídas no fosso. Seguiu-se a inevitável instrumental "Coast to Coast" com a dupla de guitarristas Rudolf Schenker e Matthias Jabs a terem tempo para mostrar o seu talento e a darem espetáculo, com a ajuda de Klaus Meine que também tocou guitarra. A banda continuou nos anos 70 ao interpretar um medley de músicas desse período: "Top of the Bill", "Steamrock Fever", "Speedy's Coming" e "Catch Your Train". De regresso à década presente, mais exatamente ao último álbum, os Scorpions interpretaram com a mesma paixão "We Built This House" com o seu famoso cantor a virar novamente o microfone para os fãs.
Depois de mais um tema instrumental, "Delicate Dance", os fãs tiveram direito à secção acústica do concerto com versões encurtadas de "Follow Your Heart", "Eye of the Storm" e "Send Me an Angel", sendo esta última o destaque entre as três com uma performance tocante e o público a cantar em uníssono. O mesmo aconteceu em seguida com "Wind of Change", seguramente uma das mais esperadas por uma grande parte dos presentes, tendo Meine referido que após todos estes anos esta continua a ser uma canção de esperança. Após uns bons minutos de baladas o rock pesado ainda esteve de volta e em grande força com "Tease Me Please Me" e o seu excelente riff de guitarra, bem como com um merecido tributo à lenda Lemmy Kilmister, com uma boa interpretação de "Overkill", e a imagem do falecido músico a aparecer nos ecrãs, na parte final do tema. Depois da cover da famosa música, nada mais adequado do que ouvir um solo de bateria do próprio Mikkey Dee, que tocou vários anos nos Motörhead, até Lemmy morrer, e que presentemente se encontra na formação dos Scorpions.
A faceta mais poderosa de Scorpions continuou a ser ouvida em Oeiras, com Rudolf Schenker a tocar com uma guitarra a deitar fumo. Após tantos momentos fortes os fãs já teriam a noite ganha mas ainda houve tempo para ser tocada a super orelhuda "Big City Nights", com o público a cantar o refrão a plenos pulmões. Claro que haviam ainda grandes temas que ainda não tinham sido tocados como "No One Like You", "Dynamite", "Holiday" e "Loving You Sunday Morning", entre outros, mas o tempo estava a esgotar-se e a banda saiu de palco, o que fazia prever que só iriam provavelmente tocar dois dos seus temas incontornáveis, "Still Loving You" e "Rock You Like a Hurricane". Sem novidades foram esses dois temas os escolhidos para encerrar o concerto e o público ficou ao rubro com esses dos êxitos dos Scorpions.
Sem nada de novo para quem já assistiu a outros concertos de Scorpions, este foi apenas mais um grande concerto da banda de Klaus Meine, Rudolf Schenker e Matthias Jabs. Esperemos que este não seja o derradeiro!
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sábado, 14 julho 2018