Reportagem Sigur Rós @ Campo Pequeno
A primeira parte ficou a cargo dos For a Minor Reflection, também eles islandeses. Um quarteto potente, de um post-rock agressivo que nos premiou o Campo Pequeno com 4 pequenas grandes músicas tocadas num constante frenesim por parte de todos os elementos.
Quem não conhece a língua dos anjos, teria alguma dificuldade em cantarolar com os cabeça de cartaz, no entanto isso não foi impedimento para o público que assistia a uma das maiores bandas da cena post-rock experimental desta época.
Já se faziam sentir lágrimas, e eles só agora tinham começado. Depois de introduzidas então duas das novas gravações, "Fljótavík" e "Við Spilum Endalaust", regressamos a 2005 com "Hoppípolla" e "Með blóðnasir" onde Kjartan Sveinsson continuava a mostrar o seu jeito para o piano de uma forma bastante elegante. O público, possivelmente nada habituado à ondulatoriedade das músicas dentro do estilo, explodia em palmas e gritos, uma reacção absolutamente desnecessária. A tensão dos Sigur Rós é boa de conter, e o silêncio também é uma forma de expressão, além de que teriam tempo de se tornar participativos na seguinte música - e foi o que fizeram. Jón abandonou a timidez que o caracterizava anteriormente e convidou o público a participar em "Inní Mér Syngur Vitleysingur", e o público contribuiu com as suas palmas a acompanhar mestrias de xilofone.
Festival foi das poucas palavras inglesas que se ouviu no recinto antes de passarmos por Von, em que George Holm trata o seu baixo com uma baqueta, ouve-se "Háfssol", também constante de Hvarf-Heim, dois CDs lançados ao mesmo tempo que o DVD da banda.
Juntam-se todos de volta das teclas, de madeira e metal, antes de os For a Minor Reflection entram em palco de novo, munidos de tambores característicos da terra natal para a seguinte "Gobbledigook". Alegria de tambores e de acústica, o público é banhado por fitas de cor naquela que é a música mais feliz dos islandeses.
Falemos de encores. Os quatro meninos voltam ao palco e ouve-se "All Alright", a única música que fazem em inglês antes de "Glósóli", onde Orri Páll Dýrason começa a aquecer a bateria para a seguinte Untitled 8 (Popplagiδ) que tornou todo o concerto em braços, um final em jeito de cópia do último concerto e que lhes ficou lindamente.
Excluindo os momentos arruinados pela demasiada euforia dos presentes, o balanço é positivo. Quanto aos islandeses: uma constante pele de galinha.
Raquel Silva