Reportagem Smashing Pumpkins em Lisboa
Apesar do frio ser muito, os fãs de Billy Corgan não foram minimamente dissuadidos a voltar para casa, já que a noite prometia o regresso de uma das bandas mais aclamadas dos anos 90.
Onze anos após o último concerto dos Smashing Pumpkins em nome próprio pelos nossos lados, sendo hoje a primeira de duas actuações no Campo Pequeno, em Lisboa para o encerramento da tournée, Corgan, o único elemento fundador da banda optou por arriscar e apresentou o novo álbum Oceania, desconhecido pela parte do público que tem lançamento previsto para o início do próximo ano.
Responsáveis pela primeira parte ficaram os Ringo Deathstarr, habituados a partilhar o palco com bandas como Johnny Foreigner e Built To Spill e acompanhantes de tournée de Smashing Pumpkins. Influenciados por bandas como My Bloody Valentine, The Cure e Fugazi, os Ringo Deathstarr apresentaram na noite de hoje o EP homónimo e o seu primeiro álbum Colour Trip.
Ao som de guitarras distorcidas, chegando ao ponto de causar uma leve comichão no ouvido, tocaram músicas rápidas que tomavam gradualmente uma intensidade exuberante, intensificadas pelo jogos de luzes electrocutantes que nos cegavam gradualmente. Recuperada a visão era nítido a enchente que preenchia o que restava do espaço vazio da sala e que esperava ansiosamente para o típico back to the 90’s com que o VH1 nos aborrece de vez em quando.
Pouco passava das 21h quando a sala explodiu ao ouvir "Quasar" e "Panopticon", com as guitarras frenéticas e impacientes de Corgan e Jeff Schroeder no que seria o primeiro levantar a cortina do Oceania. Apesar de ser possívelmente a primeira vez que grande parte dos presentes na esgotada Praça de Touros escutava os temas, não foi por tal que Corgan e os restantes elementos da banda deixaram de ser aplaudidos. De volta ao passado ouvimos "Starla" seguida de "Geek U.S.A", onde somos arrastados por solos prolongados e distorções de guitarras completamente notáveis que enchem a sala de ovoções, "Gish", "Siva", "Siamese Dream" foram mais uma passagem pelos primeiros álbuns que decerto conseguiram agradar às primeiras gerações de fãs da banda.
De volta às novidades demasiado prolongas que Oceania teve para nos oferecer, o público demonstrou-se impaciente, para não dizer desapontado, para o que esperava em parte ser uma jornada pelos êxitos dos anos de ouro do grupo norte americano. O facto de Corgan não ter dirigido uma única palavra aos presentes durante quase duas horas acabou por gerar uma ligeira apatia no público que apesar de aplaudir esperava um alinhamento com maior coerência, comunicação e acima de tudo espontaneadade. Claro que ninguém tenciona pagar um bilhete para ter conversas banais sobre a metereologia e afins com Corgan, no entanto seria preferível que este estimulasse o público e que fomentasse a necessidade deste se encontrar presente.
Entretanto e já mais para o final do concerto foi com os primeiros acordes de "Tonight, Tonight" que o público acordou para ouvir e cantar o single de 1995 capaz de agradar a pais e filhos e às mais diferentes faixas etárias que passado mais de uma década continuam com as letras na ponta da língua. É também ao fim de duas horas de concerto que Billy Corgan decide trocar umas palavras com os presentes.
De volta ao palco para o que seriam as últimas três músicas, a banda decide presentear o público com uma canção que diz não tocar frequentemente, neste caso referindo-se a "Today" que indubitavelmente acordou quem ainda não se encontrava desperto e que foi recebida com grande entusiasmo. Seguiram-se dois grandes êxitos, nomeadamente "Zero" e "Bullet With Butterfly Wings" fortemente aplaudidas e cantadas por todos os que preenchiam a sala.
Um concerto que desmonstrou diversas passagens e facetas de Corgan, que terminou de uma forma distinta e que será para repetir amanhã por uns e para os que não conseguiram bilhete para esta primeira noite.
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sábado, 20 dezembro 2014