Reportagem Solomon Burk - Cascais
A 29 de julho, o Cooljazz Fest recebeu Solomon Burke no Parque Marechal Carmona - Cascais.
São 22 horas quando a banda que acompanha o Big Soul sobe ao palco, introduzindo o espetáculo com um tema instrumental. As luzes apagam-se, os músicos continuam e tocar. A escuridão é absoluta. As luzes reacendem no exato momento em que ouvimos pela primeira vez a voz do septuagenário King of Rock ‘N Soul, como se tornou mundialmente conhecido.
Sentado no seu trono dourado, Solomon Burke canta com uma voz incrível, aperfeiçoada ao longo dos seus 56 anos de carreira, sem falhas e sem uma marca da idade. O cantor e compositor consegue alternar sem esforço aparente e com um rigor incrível entre as notas mais graves, profundas e envolventes, e os registos mais altos, em progressões melódicas complexas e com a entoação característica dos blues, do soul e do gospel.
Tendo-se estreado em 1954, aos 14 anos, acompanhou o nascimento e o crescimento do rock e do r&b, cujas influências estão também patentes na sua música. O som está muito bem equilibrado e confortável durante toda a atuação e permite-nos desfrutar em pleno do espetáculo. Durante o concerto, que durou duas horas praticamente ininterruptas, Solomon, e os excelentes músicos que o acompanham, percorrem 5 décadas de êxitos com uma dinâmica impressionante. Além de uma excelente voz, o conceituado cantor tem, sem dúvida, uma forma muito natural de lidar com o público. É um verdadeiro animador de massas e sabe puxar pelo melhor do público durante todos os minutos em que se encontra no palco.
O concerto tem ainda a contribuição de Joss Stone, que se junta a cerca de meio da atuação para dar voz a dois temas. Solomon Burke fá-la no entanto prometer, em tom espirituoso, que voltará. E é o que acontece. A última meia hora de actuação conta com as duas brilhantes vozes que, de resto, se complementam notavelmente bem. Podemos assistir a um registo da Princess of Soul (como Solomon não se poupou a chamar-lhe sempre que teve oportunidade) muito mais blues/soul do que estamos porventura habituados. E resulta muito bem.
O público, animado e divertido, está também deliciado com o concerto, mas chega a hora da despedida. O Rei despede-se calorosamente e novamente de luzes apagadas, a banda entoa um instrumental quase épico, enquanto Joss Stone vai colorindo o tema aqui e ali com a sua voz, desaparecendo progressivamente.
O tema termina. Quando as luzes se acendem, o palco está vazio.
E é desta forma que, à 12ª actuação, termina a 7ª edição do Cooljazz Fest.
E não poderia ter terminado melhor!
Foto: Ana Coelho