Reportagem TOY em Lisboa
Apesar de esta ser a primeira actuação dos TOY num concerto de nome próprio em Portugal, a banda já havia estado presente por duas ocasiões em festivais nacionais no Verão passado. E seja porque se concentra num pequeno espaço uma base leal de fãs (opondo-se à amálgama de gostos e opiniões que se encontra num festival), pela qualidade da acústica ou talvez até pelo nível de conforto que a própria banda experiencia num palco dedicado inteiramente a si, existe uma clara diferença no desempenho de uma banda conforme o recinto onde toca e a actuação dos TOY no Armazém F foi uma história de sucesso.
A abertura da noite ficou nas mãos dos portugueses Keep Razors Sharp, a intitulada super banda composta pelo líder de Sean Riley & The Slowriders (Afonso Rodrigues), o vocalista dos The Poppers (Luís Raimundo), o baterista dos Riding Pânico e o antigo baixista dos Capitão Fantasma (Carlos António ou BB), cuja sonoridade enérgica e explosiva foi extremamente bem recebida por parte da audiência que já começava a encher a sala, ansiando pelo que se seguiria.
Os TOY estrearam-se na capital para apresentar o seu novo álbum, Join the Dots, lançado no fim do ano passado, expressando o seu crescimento não só musical, mas também performativo. Não hesitaram em tocar as favoritas, entre tímidas comunicações, que têm marcado a sua (até agora) breve carreira: “Colours Running Out” e “Dead & Gone” fizeram a honra de abrir o concerto e, simultaneamente, aqueceram a multidão. O público, composto por pessoas de diversas idades, enchia a sala com um claro entusiasmo, dançando ao som de cada música.
Apesar de ter decorrido ao longo de ligeiramente menos do que uma hora e meia, o concerto pareceu ter uma duração rápida devido à intensidade da experiência. O público encontrava-se imerso em cada nota, cada batida, como se de um sonho prolongado se tratasse, mantido por um jogo de luzes que prevenia o foco no conteúdo visual (inclusivamente a própria banda, que se encontrava na penumbra) e redireccionava-o novamente para a música, num ambiente obscuro e surreal.
A excitação era óbvia com a introdução (durante o breve contacto verbal por parte de Tom Dougall, o vocalista e um dos guitarristas - juntamente com Dominic O’Dair) de músicas como “My Heart Skips a Beat” ou até mesmo “Motoring”, mas a cerimónia de encerramento - como poderia apenas ser denominado o momento de regresso à realidade depois de tal concerto - ficou a cargo de “Join the Dots”, o primeiro single do álbum homónimo.
Os pedidos de encore por parte da audiência foram eventualmente abandonados com alguma resistência por parte da mesma, mas as recém-formadas memórias do concerto mantiveram-se firmes para aquecer o regresso a casa numa noite fria, na espera por mais uma oportunidade para rever a banda britânica.
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Organização:Everything is New
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sábado, 20 dezembro 2014